Culturas em Confronto |Vitória Oliveira

Culturas em Confronto

É evidente que o número de estrangeiros e imigrantes em Portugal tem crescido gradativamente, e com isso, as diferenças culturais também têm aumentado. Esta realidade obriga a que uma questão seja respondida: “É possível, apesar de todas as nossas diferenças, acolher novas culturas sem anular a nossa própria ?”.
Sendo assim, o objetivo desta composição é afirmar que sim, é possível acolher novas culturas sem anular a nossa.
Acolher novas culturas sem anular a nossa não é uma tarefa fácil. Por um lado, pode ser desafiadora por causa da quantidade de diferenças culturais, sociais e pensamentos divergentes. Porém, isso é possível se, e só se, for uma via de mão dupla, ou seja, se o respeito, a tolerância e a compreensão partirem de ambos os indivíduos, ambas sociedades ou povos. Todos precisam estar com a mente disposta a compreender e com os ouvidos abertos para ouvir o próximo, seja ele estrangeiro ou não.
Partindo de uma perspetiva diferente, receber novas culturas no seu país também pode ser um tremendo ganho. Partilhar novas culturas e novos saberes é essencial para o nosso crescimento como seres humanos. Além disso, ao conhecer novas culturas, podemos aprender a amá-las, mas também a valorizar ainda mais a nossa.
Quando estamos rodeados de pessoas que possuem o mesmo pensamento que o nosso, a mesma cultura e a mesma forma de descortinar o mundo, qual é o nosso proveito? Não teremos nós um proveito ainda maior se, juntos, aprendermos com novos pensamentos, novos ideais e novas perspetivas? Quem disse que devemos ser todos iguais? É justamente quando entramos em contacto com outras realidades e opiniões que aprendemos a lidar com elas e a respeitar diferentes posicionamentos, mesmo quando não concordarmos com eles.
No entanto, compreendo que os estrangeiros, ao ingressar num novo país, devem fazer um certo esforço para que haja, não uma anulação de sua própria cultura, mas uma adaptação à cultura que está diante deles, naquele momento. Defendo que o estrangeiro deve, sim, fazer um esforço para aprender a língua falada no país de sua escolha, respeitar as normas e leis civis, legislativas ou culturais daquele país, mesmo que na sua terra as coisas sejam diferentes.
Ademais, se os residentes nacionais de determinado país observarem que os ideais do imigrante infringem a lei dos direitos humanos, estes ideais jamais devem ser aceites, mas, sim, negados e confrontados.
Entretanto, também compreendo que a discriminação e falta de tolerância vindas dos nativos de um determinado país para com um imigrante, são inaceitáveis e desumanas. É inquestionável o facto de que possuímos diferenças, mas, no fundo, somos todos iguais, portanto, não existe e jamais existirá uma justificativa aceitável que defenda a discriminação dos estrangeiros. É preciso paciência, tolerância e empatia, para que possamos desfrutar dos benefícios de cada cultura, e não criar intrigas e divisões entre as nações.
Sendo assim, conforme citado anteriormente, todos devem cooperar para o avanço da nossa sociedade. Não devemos ignorar as nossas diferenças, devemos acolhê-las e aprender com elas, sem deixar de valorizar e amar a nossa própria cultura.
Contudo, infelizmente, pensar no fim total da discriminação e do preconceito nesta vida é um pensamento um tanto utópico. Mas é nosso dever continuar a lutar contra tais posturas, para que haja uma diminuição da intolerância e da exclusão, posicionando-nos em amor e respeito ao próximo. Pois século após século, ano após ano, o respeito é algo que não sai de moda.
Em suma, com empenho, dedicação, respeito e empatia, podemos construir uma sociedade multirracial, respeitando as diferenças, aprendendo com outros posicionamentos e desfrutando do melhor que cada cultura pode oferecer.

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