Alice Marques

Curso Profissional de Técnico Auxiliar de Saúde: aprender a ser “cuidador/a”
Nesta edição do P&V damos a conhecer o Curso Profissional de Técnico Auxiliar de Saúde. A funcionar na Calazans Duarte desde 2012/13, é apenas um dos cursos profissionais relacionados com cuidados de saúde que vem sendo oferta da escola. Já houve o curso Profissional de Técnico Auxiliar de Farmácia e funcionam atualmente também os cursos de Técnico Auxiliar de Protésico, Assistente Dentário e Massagem de Estética e Bem Estar.
Terminaram o curso a que dedicamos esta edição 27 alunos (2 turmas) e estão em funcionamento as turmas de 11º e 12º ano, com 10 alunas cada. O P&V falou com as finalistas e com as professoras que têm outras funções na turma: Vanda Felisberto, diretora do curso/ turma 11º e diretora de turma do 12º, Marina Rosa, diretora de curso do 12º e Luísa Costa, diretora de turma do 11º.
“Bem estruturado, adequado ao perfil dos técnicos que pretende formar, com conteúdos relevantes, capaz de proporcionar aquisição de competências para múltiplas valências na área dos cuidados a pessoas” são considerações unânimes destas professoras. As “cuidadoras” formadas por este curso poderão trabalhar em infantários, lares de terceira idade, consultórios, clínicas, centros de saúde e apoio domiciliário. Com uma população muito envelhecida e a continuar a envelhecer, os cuidados às pessoas, particularmente idosas, serão cada vez mais necessários, o que justifica plenamente a aposta da escola nesta área.
Apesar de já terem feito este curso cinco rapazes, é um curso essencialmente de raparigas, o que se prende com pré-conceitos sobre o que é ser cuidador. Segundo Marina Rosa, a sociedade considera que é “um trabalho feminino”, tal como “qualquer trabalho hospitalar que não seja de médico ou enfermeiro”. Luísa Costa, reconhecendo essa evidência, defende que é preciso trabalhar na desconstrução desse estereótipo, porque por exemplo, “na prestação de cuidados de saúde a seniores, há homens que, por pudor, preferem ser cuidados por homens”. Esta professora, que exerce funções pela primeira vez num curso desta área, está encantada com o que tem aprendido, em particular o conhecimento das redes de apoio a idosos que existem a nível nacional.
Vanda Felisberto e Marina Rosa, veteranas neste curso, destacam o papel do estágio na formação das alunas e a articulação deste com a Prova de Aptidão Profissional. Apesar do escasso número de horas atribuídas para acompanhamento, quer do estágio quer da PAP, dedicam a estas funções o tempo que for necessário: uma vez por semana deslocam-se aos locais de estágio e duas semanas inteiras após o estágio, dedicam-nas a ajudar as alunas a finalizar a PAP e a preparar a apresentação e defesa perante um júri.
A colocação em estágio é, para Marina Rosa, a tarefa “mais espinhosa da sua função”. Não conhecendo muito bem a comunidade, custa-lhe andar a “pedinchar” em algumas instituições, o que já aconteceu, e por isso conta sempre com o apoio da colega Vanda Felisberto, que tem a vantagem de ser marinhense e muito bem relacionada. Apesar de sempre conseguirem integrar todas as alunas em estágio, as duas defendem que “a escola devia ter uma pequena equipa, com pessoas das diferentes áreas de formação profissional cuja função seria estabelecer os contactos, criar e gerir uma Bolsa de locais de estágio, formalizando os protocolos, de forma a evitar o desgaste dos diretores de curso, todos os anos, e que garantisse qualidade”. “Professores que gostem e sejam bons em relações públicas”, sugerem. Ideia que, aliás, já foi defendida por diretores de outros cursos e que existe nalgumas escolas próximas, por exemplo, na Afonso Lopes Vieira, em Leiria.
Com mais ou menos dificuldades, tem sido possível arranjar estágio para todas, seja de 3 semanas no 10º, 5 no 11º ou 8 no 12º e nunca tiveram um aluno/uma aluna que desistisse, tendo o desempenho sido sempre bom, embora já tenha havido alunas “injustamente avaliadas”. Sempre colocadas aos pares nas instituições, “para não se sentirem desamparadas e se apoiarem mutuamente”, como disse Vanda Felisberto ao P&V, elas são avaliadas individualmente, quer no estágio, quer na PAP, no último ano.
A Prova de Aptidão Profissional é a menina dos olhos do curso. A escolha do tema, feita logo no início do 12º ano, orienta a colocação em estágio numa instituição onde as alunas possam desenvolver competências com ele relacionadas. E muito raramente é preciso reorientar. Para Marina Rosa, uma PAP, é uma “mini-tese e exige muito trabalho”. A responsabilidade é tanto das alunas como de quem orienta. Tal como Vanda Felisberto, Marina Rosa sabe que a qualidade duma prova apresentada em júri é o cartão de visitas da aluna, da orientadora, do curso e da escola. Daí o grande investimento feito nesta componente do curso, que tem um peso de 1/3 na classificação final.

 

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