Paulo Tojeira, Rui Fernandes, professores da Calazans Duarte, e Ana Paour, formadora externa, asseguram a área tecnológica do curso profissional de Técnico/a de Massagem de Estética e Bem-Estar. Têm, sobre o mesmo, algumas opiniões convergentes, apontam críticas à organização da área tecnológica e manifestam o mesmo grau de exigência em relação a vários itens. Paulo Tojeira defende que este “deve ser um curso gourmet”, recomenda “um casting para admissão de futuros candidatos”, uma clara explicitação sobre a natureza do curso para “evitar falsas expetativas aos alunos”, cuidado na apresentação dos alunos (higiene, aparência) e acrescenta: “para estágio no exterior só devem ser seleccionados os melhores, porque é a imagem do curso e da escola que estão em causa”.
O plano do curso é o que consta no Catálogo Nacional das Qualificações e, sendo um Curso de Massagem de Estética e Bem-Estar, “o currículo é bastante rico e completo, nesta componente”, diz Paulo Tojeira. Contudo, a divisão dos módulos da área tecnológica em cada ano, decidida internamente, “não é a mais adequada”, contrapõe. “Há pouca componente prática no 1º ano”, concretiza o Diretor de Curso. Situação que “pode e deve ser alterada já no próximo ano”, defende. No site criado pela turma (ver peça principal), já constam, em nota de rodapé, sugestões de Unidades de Formação que podem integrar o plano do curso, introduzidas em finais de outubro, cujos conteúdos são gestão, orçamentos e finanças, e que, na opinião deste professor,” deviam ser obrigatórias na formação de todos os alunos”.
Como professor de técnicas de massagem, Paulo Tojeira traz para o curso uma formação sólida: Licenciou-se em Cultura Física em Sófia, na República Popular da Bulgária, com a primeira especialidade de Cinesioterapia e Reabilitação Funcional e a segunda especialidade em Pedagogia da Educação Física. Fez também doutoramento nesta área (tese defendida em junho de 1987) e desenvolveu atividade profissional e investigação no Instituto Científico de Ortopedia e Traumatologia, em Sófia. Trabalhou no Gabinete de Diagnóstico Funcional da Mão, na Clínica de Reabilitação e na Clínica da Mão.
Na Marinha Grande, para além de professor de educação física, sua principal profissão, continua a exercer a cinesioterapia e reabilitação funcional, cuja base é a massagem. Por isso, assegura que “nenhuma das propostas modulares do catálogo lhe é estranha”, e considera que este é, de facto, “um bom curso de massagem de bem-estar, com uma pequena componente estética” e que isto deve ser explicitado com toda a clareza aos candidatos.
Rui Fernandes, professor do grupo de Biologia na Calazans Duarte, é responsável pela disciplina de Saúde e Bem- Estar. Este ano trabalha com os alunos os módulos de Anatomia e Fisiologia. Considera a Anatomia, cujo programa é focado no esqueleto e nos músculos, “essencial no curso”. A abordagem é diferente do módulo com o mesmo nome tratado noutros cursos relacionados com saúde. Considera o programa “bem feito, se se tiver em conta os objetivos do curso, mas extremamente exigente e desadequado ao perfil dos alunos que o frequentam”. Daí que o seu investimento neste curso lhe ocupe, de momento, “cerca de 80% do tempo de trabalho de casa”. Mais do que a preparar aulas, este professor passa esse tempo a “descomplicar o programa”. A sequência dos módulos também não lhe parece a mais adequada, “sendo alguns dados muito cedo e outros muito tarde”, falhas que é possível corrigir dentro da margem de liberdade de gestão do currículo conferida à escola, “devendo os professores que vão lecionar o curso ser chamados a analisar os programas e decidir” reforça o professor.
Rui Fernandes é muito crítico relativamente ao encaminhamento de alunos para os cursos profissionais, particularmente os relacionados com a saúde: “os candidatos deviam ser sujeitos a uma triagem mais criteriosa”, diz este professor.
Sobre o perfil dos 14 alunos que frequentam o curso, considera que “poucos têm perfil realmente adequado para trabalhar nesta área.”. Por outro lado, considera que os alunos ainda não “interiorizaram muito bem os objetivos do curso”, que “é de massagem estética e bem - estar, não é de massagem terapêutica e também não é um curso de estética”.
Estas confusões iniciais suscitadas, em parte, pela designação o curso talvez sejam mantidas pela expetativa de algumas alunas de aprenderem algumas técnicas relacionadas com estética e cosmética, pois afinal a formadora Ana Paour trabalha exatamente uma disciplina designada Estética e Cosmetologia. Mas não se pense que nestas aulas as alunas e alunos aprendem a maquilhar, depilar (ou melhor, epilar) ou a fazer unhas de gel. Nada disso! A disciplina inclui os módulos de ética, cosmetologia, dermatologia e normas de qualidade, que são fundamentalmente teóricos. Claro que alguns reagem mal a isso, porque esperavam “coisas mais práticas”. Para cumprir os objetivos do programa e ao mesmo tempo não defraudar totalmente as expetativas, Ana Paour, cuja formação é em estética (e um curso de psicologia em stand by) pensa propor ao centro Qualifica unidades de formação relacionados com práticas de estética, que podem depois vir a completar a formação das alunas deste curso.
Ana Paour é Formadora desde 2000, mas esta é a primeira vez que dá aulas numa escola e está a “adorar a experiência”. Investe muito tempo na preparação das aulas, até porque, embora haja muita literatura sobre as matérias, está em português do Brasil e ela faz questão de organizar “um manual dos quatro módulos, escrito em português de Portugal.”

 

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