Pé de Dança | Inês Duque
Nesta edição vamos dar um pequeno salto para apenas uns anos atrás, onde a dança ganhou outro carácter. De facto, foi a partir de 2012 que este tipo de danças sensacionalistas veio para ficar. Desde o Harlem Shake até ao Fortnite.
Em fevereiro de 2013, quando um grupo de 4 pessoas, mascaradas, dança ao som das músicas do DJ Baauer. Nasce, então, o movimento “Harlem Shake”. Após várias visualizações, foi grande a quantidade de reproduções que sucederam. Podendo estar situados no local de trabalho, num bar ou até num campo militar, a ideia era haver uma pessoa a dançar no meio de um grupo que estaria “desatento”. Assim que a batida da música mudasse, toda a gente começaria a dançar de forma aleatória. Com conceito divertido e apetecível, foi rápida a expansão desta moda.
Contudo, passado algum tempo, este tipo de divertimento ganhou outro cariz… Por exemplo, no Egito, começou a ser visto como uma maneira de protesto político, após ser proibido neste país: 4 estudantes foram presos por dançar algo que fora considerado um “ato escandaloso” por parte das autoridades do Egito.
No outro canto do mundo, temos a música “Gangnam Style”, da autoria do artista sul-coreano Psy.
De facto, esta música, lançada em julho de 2012, é uma das músicas mais vistas mundialmente. A dança, protagonizada pelo artista, tornou-se rapidamente viral e, como tal, não cederam as inúmeras publicações nas redes sociais. Contudo, apesar de ser uma canção animada, contém uma crítica ao comunismo exagerado presente num subúrbio da Coreia do Sul, denominado Gangnam, perto da capital (Seul). Nessa zona pratica-se uma vida luxuosa, ociosa e exuberante, sendo que quer afirmar-se um estatuto social que Psy pretende satirizar no seu videoclip. Por causa disso é que o artista escolheu locais como um spa para o gravar.
De seguida, temos um challenge que consiste em sair de uma viatura e dançar ao som da música “In My Feelings” do artista Drake. A pessoa que se encontra dentro da viatura tem a função de filmar a outra, enquanto tem o automóvel em andamento.
É claro que as autoridades contestaram sobre este assunto, defendendo que os condutores se distraem e que isso pode provocar acidentes graves.
Na verdade, todos os dias somos deparados com publicações de centenas de vídeos com os passos, que ganhou fama após o comediante americano Shiggy ter partilhado no seu Instagram um vídeo seu a dançar a música. Só depois deste vídeo é que começaram a surgir versões de pessoas a saltarem dos carros, algo que não está ligada ao vídeo de Shiggy.
Por último, temos as danças mais conhecidas mundialmente. Em 2017, o rapper americano Blocboy JB compôs a música ”Shoot”, a qual foi popularizada e tornou-se viral pelo movimento de dança conhecido por shoot, que tem origem num jogo intitulado “Fortnite”. Já em 2018, no Mundial de futebol, o jogador da selecção inglesa Jesse Lingard festejou um golo marcado contra o Panamá (o qual obteve uma derrota de 1 para 6) com esse mesmo movimento, pelo que ganhou ainda mais notabilidade e foi reproduzido, ainda no campeonato de futebol, por outros jogadores.
Também o floss dance, ou “dança do fio dental” em português, nasceu do famoso jogo que, na versão de 2018, é usado como um símbolo de vitória. Pode parecer um movimento simples e fácil, no entanto, muitas pessoas não o conseguem executar. Russel Horning, de 16 anos, foi quem popularizou ainda mais este passo nas redes sociais, apóss este o ter dançado ao lado de Katy Perry num programa de televisão norte-americano. Ainda antes disso, a cantora Rihanna já tinha partilhado um dos seus vídeos a dançar. A hashtag #floss tem, neste momento, quase 250 mil publicações associadas.
Assim, este tipo de notabilidade proveniente destas danças e destes desafios provoca a união de toda a comunidade da internet, independentemente do continente/país em que estivesse. Permite, ainda, a união de gerações, pelo que os jovens tendem a mostrar e partilhar vídeos com entes queridos, os quais, eventualmente, associam-se ao movimento e alcançam a diversão.
Contudo, a existência de desafios que poderão causar alguns acidentes e possível mortalidade, devido ao exagero citadino na reprodução das danças, faz com que este tipo de divertimento seja olhado com ódio e repulsa pelas autoridades e pelos governos de cada país.
Sumariamente, estas danças virais e sensacionalistas permitem a união do mundo o que, se for executado num modo exagerado, pode provocar/causar danos ao meio em que a sociedade se integra.
“ Nenhum desafio de dança vale uma vida humana.”