Alda Angelina Pereira dos Santos


A discalculia é um transtorno específico do desenvolvimento, de base biológica, que afeta profundamente o processo de aprendizagem de matemáticas e aritmética. Muitas vezes foi definida como "dislexia da matemática". A condição é independente do nível de inteligência da criança e dos métodos pedagógicos usados. A dificuldade está centrada ao redor da habilidade para interpretar símbolos numéricos e operações aritméticas como adição, subtração, multiplicação e divisão. Uma criança com discalculia vai confundir números e signos e não será capaz de fazer cálculos mentais ou trabalhar com ideias abstratas. A discalculia pode também ser definida como a disfunção de conexões neurais que processam a linguagem numérica, dificultando a aquisição e processamento de informação numérica. São vários os subtipos de discalculia: Discalculia verbal: caracterizada pela dificuldade para nomear e compreender os conceitos matemáticos apresentados verbalmente; Discalculia practognóstica: dificuldade para traduzir um conceito matemático abstrato a um conceito real; Discalculia léxica: problemas para ler e entender símbolos matemáticos e números, além de expressões e equações matemáticas; Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos; Discalculia ideognóstica: dificuldade para realizar operações mentais sem usar os números para solucionar problemas matemáticos e entender os conceitos da matemática; e Discalculia operacional: dificuldade para completar operações matemáticas escritas ou verbais.
A prevalência de discalculia na população escolar é cerca de 3% a 6%, com uma distribuição similar entre os dois géneros. Esta disfunção desenvolve um padrão de deficit cognitivo que geralmente apresenta deficits em habilidades como: a concentração (foco), a atenção dividida, a memória operacional, a memória de curto prazo, a nomeação, o planeamento e a velocidade de processamento. O tratamento mais eficaz para a discalculia, tal como no caso da dislexia, é um diagnóstico precoce. Quanto antes o problema é identificado, antes a criança que apresenta esse transtorno vai aprender a usar as ferramentas necessárias para ajudá-las a adaptar-se aos novos processos de aprendizagem, além de que vão ter menos probabilidade de sofrer atrasos na área da educação, menos problemas de autoestima e outros transtornos mais sérios.
Seguem-se algumas estratégias que podem ser implementadas com alunos que apresentem dificuldades na matemática:

   


- Permitir o uso de calculadora e tabela tabuada
- Adotar o uso de caderno quadriculado;
- Evitar ignorar o aluno com dificuldades;
- Evitar mostrar impaciência com dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando a sua fala;
- Evitar corrigir o aluno frequentemente diante da turma, para não o expor;
- Não forçar o aluno a fazer as tarefas quando estiver nervoso por não ter conseguido;
- Procurar usar situações concretas, nos problemas;
- Iniciar cada período da aula com o resumo da sessão anterior a uma visão geral dos novos temas;
- Escrever no quadro o tema a lecionar, os passos ou procedimentos a serem seguidos e que o aluno deverá tomar nota;
- Dar sugestões ajudas ou guias para que o aluno saiba encarar e monitorizar adequadamente os erros;
- O uso de códigos visuais, diagramas, cones, sublinhados, esquemas, permite concentrar atenção nos expoentes, varáveis, símbolos de operações, etc., o que facilita a sua compreensão, aprendizagem e generalização;
- Quanto às provas/testes/fichas, devem-se elaborar questões claras e diretas, reduzindo-se ao mínimo o número de questões, sem limite de tempo, aplicando-a de tal forma que o aluno esteja acompanhado apenas de um tutor para se certificar que compreendeu o enunciado das questões;
- Estabelecer critérios em que, por vezes, o aluno poderá ser submetido a prova oral, desenvolvendo as expressões mentalmente, ditando para que as transcreva;
- Incentivar a visualização do problema, com desenhos e depois internamente;
- Propor jogos na sala, pois estes consistem numa boa opção para ajudar na visualização de seriação, classificação, as habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e a contagem;
- Permitir o uso do computador. Este é um recurso que pode ser muito bem aproveitado, especialmente porque existem muitos sites com jogos educativos que propiciam a noção de espaço e forma, como o tangram e outros que reforçam a compreensão de matemática.

 

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