OS PONTOS E VÍRGULAS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA | Alda Angelina Pereira dos Santos

A 20 de agosto de 2018, uma jovem sueca decidiu que não voltaria a frequentar as aulas até que o governo reduzisse as emissões de carbono, de acordo com o Acordo de Paris. Passado pouco mais de um ano, a adolescente é uma das maiores ativistas mundiais contra as alterações climáticas. Na infância, Greta Thunberg foi diagnosticada com uma série de distúrbios, incluindo síndrome de Asperger, transtorno de défice de atenção, transtorno obsessivo-compulsivo e mutismo seletivo. Apesar das perturbações e de reconhecer algumas dificuldades, a jovem diz que "ser diferente é um superpoder". O autismo é um transtorno do desenvolvimento, persistente por toda vida, pois não possui cura, nem causas consistentemente esclarecidas, contudo, nos últimos estudos tem sido estudada a participação genética na etiologia. O termo foi citado pela primeira vez em 1906, ao longo do tempo teve sua classificação modificada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), onde atualmente é encontrado em Transtorno do Espetro do Autismo (TEA), caracterizado pelo desenvolvimento atípico nas áreas de interação social, comunicação, também por apresentar repertório restrito de atividades e interesses, variando de intensidade em cada indivíduo. Desta forma, propicia o isolamento, dependência e sofrimento, assim interferindo no ambiente familiar e na população em geral. A sua prevalência está a aumentar, chegando a ultrapassar 100% num período de mais de dez anos, segundo a Organização das Nações Unidas atualmente existem 70 milhões de autistas no mundo. No entanto, intervenções e métodos educacionais, com base nos princípios da Análise do Comportamento, como o ABA e TEACCH; e um sistema de comunicação por trocas de figuras (PECs), possibilitam melhoras nesses sintomas e consequentemente na qualidade de vida nas pessoas com Transtorno do Espetro do Autismo. Além dos métodos de intervenção, fármacos são utilizados para amenizar alguns sintomas do espetro, como por exemplo, a irritabilidade.
Em 2013 é feita a quinta revisão do DSM 5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) ou Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais), sendo a classificação atualmente vigente. Nesta versão, é dedicada uma secção às Perturbações do Neurodesenvolvimento (PND) que surgem como um grupo de condições clínicas que têm início na primeira fase do desenvolvimento da criança, a maioria inicia manifestações clínicas antes da idade escolar que se caraterizam por défices no desenvolvimento que têm um impacto no funcionamento pessoal, social, académico ou ocupacional. As PND incluem desde alterações específicas numa área do neurodesenvolvimento a perturbações globais das competências intelectuais e sociais. Esta classificação enfatiza à coexistência de várias PND no mesmo individuo (comorbilidade).

No DSM 5 é retomado o conceito dimensional de Perturbação do espectro do Autismo pela primeira vez descrito por Lorna Wing, em vez das definições categóricas das revisões anteriores. A PEA passa agora a integrar os subtipos de Autismo definidos na classificação anterior. De facto, a classificação segundo os subtipos de Autismo colocava, em termos clínicos, algumas dificuldades de diagnóstico uma vez que a fronteira semiológica entre os distintos subtipos era em alguns casos difícil de estabelecer, pelo facto de as alterações observadas se manifestarem num contínum de gravidade. O Autismo caracteriza-se por um espetro clínico de gravidade que vai desde as alterações muito marcadas até formas ligeiras de défices na capacidade de socialização e das alterações do comportamento. Contudo, se por um lado este conceito de espetro do Autismo permite ultrapassar as dificuldades que existiam na distinção dos subtipos, por outro, coloca na mesma “categoria” os casos de Autismo mais graves e os mais ligeiros (do tipo Asperger ou do tipo não especificado).

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