João Martins, 12ºD
Álvaro de Campos: o poeta tripartido.
Pessoa foi “múltiplos num só”, sendo capaz de não só atribuir peculiaridades a cada uma de suas criações, mas também fazer com que fossem portadores de um estilo próprio e de uma biografia recheada de acontecimentos, que quase nos fazem acreditar que eles de facto existiram fora do escritor. Álvaro de Campos é a personalidade que eu escolheria ser. Álvaro de Campos apresenta-se como uma pessoa de um temperamento rebelde e agressivo, o que me fascina. A sua revolta e inconformismo refletem-se nos seus poemas, ao longo de 3 fases: Decadentista, Futurista e Intimista. A fase decadentista traduz-se por sentimentos de tédio, náusea, cansaço, abatimento e necessidade de novas sensações. A falta de um sentido para a vida e o desejo de fuga à monotonia apoderam-se do sujeito poético. A segunda fase, a futurista, assenta numa poesia repleta de vitalidade, manifestando o poeta o favoritismo pela civilização mecânica, o que irá contrariar a conceção de belo. Além de celebrar o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna, também canta os escândalos e as corrupções da contemporaneidade, em sintonia com o futurismo. O ideal futurista em Álvaro de Campos fá-lo distanciar-se do passado para exaltar a necessidade de uma nova vida futura, na qual prevalece a consciência da sensação do poder e do triunfo. A última fase, de seu nome intimista, caracteriza-se por uma incapacidade de realização. trazendo de volta o abatimento. O poeta vive rodeado pelo sono e pelo cansaço, revelando desilusão, revolta, inadaptação, devido à incapacidade das realizações. Após um período grandioso de exaltação heroica da máquina, Álvaro de Campos é possuído pelo desânimo e frustração. Parece apresentar pontos comuns com a 1.ª fase “a decadentista”. Contudo, há que sublinhar que a intimista traduz a reflexão interior e angustiada de quem apenas sente o vazio depois da caminhada heroica. Em suma, Álvaro de Campos é um poeta moderno que vive as ideologias do século XX, é engenheiro de profissão e vê o mundo com a inteligência concreta de um homem dominado pela máquina. Sendo ele a minha escolha, destaco o meu gosto pela forma efusiva, intensa e viva e pelo ritmo torrencial e arrebatador que ele utiliza quando escreve os seus poemas, pois é como se os vivêssemos também.