André Oliveira, 12ºD

No universo Pessoano, além da personificação do ortónimo, existem diferentes fragmentos de Pessoa, os heterónimos, destacando-se quatro deles, o guardador de rebanhos, o louco antissocial, o hiper-racional fragmentado e o epicurista estóico. Cada um destes fragmentos têm a sua personalidade e maneira de pensar, desde a sua maneira de viver até às suas características físicas. Mas com qual destes me identifico? Primeiramente, é importante notar que nenhum destes personagens é propriamente feliz com o seu estilo de vida, existindo sempre uma dor existencial semelhante entre todos eles, mas com uma exceção, o guardador de rebanhos. Exemplificando, Ricardo Reis não quer sentir emoções desnecessárias, como o amor, porque ele acha que vai acabar por sofrer à custa delas, enquanto que Alberto Caeiro vive uma vida simples e objetiva, sem raciocínio ou reflexão profunda do que está à sua volta, defendendo até que “Pensar é estar doente dos olhos”. No entanto, a suposta filosofia perfeita da vida que o mestre Caeiro vive tem as suas próprias falhas, pois não é livre da tristeza, tendo este a experienciado num dos seus poemas, quando um dia de sol chega ao fim, mas mais importante ainda é o facto de que esta filosofia perfeita tem uma contradição enorme, ele pensa. É exemplo disso, todas as vezes que ele escreve, nem que seja da maneira mais básica e objetiva possível ele acaba por ter de usar o seu raciocínio, tornando-o num hipócrita. Assim, entende-se que nenhum dos fragmentos é totalmente feliz, tendo todos dor de pensar, de forma diferente e por motivos distintos, e que, na realidade, acabam por resultar sempre na infelicidade. Deste modo, o personagem mais sensato, honrado por mim, e com o qual mais me identifico tem que ser o mestre Alberto Caeiro, pois ele é o único que não sofre com algo tão fútil como pensar em exagero. Este guardador de rebanhos, apesar de não ser perfeito, é o único que desfruta a vida por aquilo que ela é, e não pelo significado aprofundado e exagerado dela, mostrando assim um quotidiano feliz e simples.