André Marrazes, 12ºD


Já todos, quer nas escolas, quer nos livros, ouvimos falar de Fernando Pessoa, enquant ortónimo e dos seus mais conhecidos heterónimos, como Álvaro de Campos, sem esquecer, Alberto Caeiro e Ricardo Reis. Mas a verdadeira questão é quem, deste universo pessoano, eu escolheria ser? Por um lado, Pessoa ortónimo tem a capacidade de intelectualizar os seus sentimentos, isto é, através das emoções que experienciou, e utilizando a razão e o pensamento, consegue transformá-las e colocá-las nos seus mais variados poemas, adquirindo estas um novo significado, pelo que é, devido a esta habilidade, considerado um fingidor. Um bom exemplo encontra-se no poema “Isto” em que este poeta refere que sente com a imaginação, ou seja, as emoções que este regista são o produto de um ato racional, referindo que a sua obra é sincera, refutando a opinião dos que julgam que mente ou finge. Por outro lado, uma das características temáticas de Fernando Pessoa ortónimo é a dor de pensar, ou seja, reconhece que é excessivamente racional, não conseguindo expressar-se de outra forma que não através do raciocínio, pelo que se encontra em constante agonia, desejando, por vezes, ser inconsciente e, consequentemente, feliz. Tomemos, agora, como exemplo o poema “Ela canta, pobre ceifeira” no qual o poeta deseja que o cantar da ceifeira o liberte do seu excesso de racionalidade e, por sua vez, da sua mágoa, pelo que, assim, lhe seria possível vivenciar as emoções com simplicidade e naturalidade. Em suma, Pessoa ortónimo, para além de racionalizar os seus sentimentos, também, anseia pela simplicidade. Assim, na minha opinião, a voz de Pessoa que mais se assemelha ao meu ser é a de Fernando Pessoa ortónimo, uma vez que, não só racionalizo demasiado os meus sentimentos e emoções, como também, por vezes, gostaria de não estar sempre a pensar, evitando controlar as mais diversas variáveis do que me rodeia, sendo que, também, desejo alguma simplicidade, tal como este ortónimo.

 

 

 

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