Rafaela Fortes | Opinião


“Índios soldados da província de Curitiba escoltando prisioneiros nativos” é a legenda que, de uma forma muito literal, dá nome a esta magnífica pintura, não deixando dúvidas quanto ao que pretende retratar.
É possível observar seis prisioneiros nativos e que quatro deles são crianças, a serem escoltados por três soldados índios numa floresta da América do Sul. A pintura é escassa em cores, remetendo o observador, subtilmente, para um cenário antagónico àquele que uma floresta representa, pois a vegetação encontra-se, aparentemente, morta, sem vida, há pouca luz e mesmo a expressão das figuras é fria, dura, de uma infelicidade extrema, o que não é para menos. Assim, é possível afirmar que a imagem mostra a ação num cenário escuro e sombrio, hermético. No entanto, esta pintura é dotada de outros significados bastante bem incorporados basta olhar para os prisioneiros que estão desprovidos de roupa, o que é claro, mas este pormenor não tem apenas a intenção de demonstrar que estes são nativos, pretende também transparecer a sua pureza ao pé dos outros ao seu redor. Permite também imaginar que os nativos e a natureza são um só ser. A imagem remete ainda, de uma forma não tão vulgar, para a vida diária humana e animal, em que os mais poderosos tiram partido dos mais vulneráveis e da sua vida.
Concluindo, é apresentada uma imagem polissémica, (uma imagem vale mais que mil palavras) construída de uma forma exímia, retratando, assim como os prisioneiros, de uma forma “nua e crua”, uma realidade próxima e nada efémera, brilhante e eficazmente, tornando-se, como tal, impactante.

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