Joana Matos | Opinião

A imagem apresentada é uma pintura onde está representada a escravatura das comunidades indígenas pelos colonos.
No lado esquerdo da figura, principalmente, visualiza-se um grupo de pessoas de raça negra a cortar canas num canavial. E o que poderia ser apenas uma simples representação, ganha automaticamente um valor simbólico notável e um significado sombrio devido à excelente utilização de cores. Do lado direito da pintura, o visualizador observa alguns homens dessa comunidade a carregarem as canas em carruagens transportadas por brancos, uma clara ilustração da escravatura. E o facto deste cenário estar representado em tons mais escuros e neutros permite ao visualizador procurar uma realidade para além da imagem e dar-lhe um valor mais emocional, ficando mais atento às expressões das figuras e ao que elas estão a fazer. Essas tonalidades dão também um caráter pesado à pintura e fazem o visualizador questionar-se acerca da imensidão de simbolismos que estas possam ter. O facto de os colonos estarem à sombra, maioritariamente descansados, pode evidenciar a sua supremacia face aos indígenas, que trabalham arduamente ao sol, de sol a sol, por não terem outra opção. As canas verdes podem também simbolizar a esperança dos indígenas em alcançar a liberdade, eventualmente. No entanto, as possíveis interpretações desta pintura são muito vastas e relativas, pois podem apelar ao sentido crítico dos visualizadores e apresentar mais valor simbólico do que uma simples tela poderia ter.
Nisto, o autor desta excelente pintura fez um ótimo trabalho ao conseguir representar tão exemplarmente esta pesada realidade, dando ao visualizador a oportunidade de sentir empatia por esta comunidade indígena e de conhecer as desigualdades políticas e sociais entre colonos e índios. É recomendável a visualização e a consecutiva apreciação desta pintura pois está muitíssimo bem conseguida.

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