Joana Marteleira | Opinião


É notável o enorme valor simbólico e sentimental que conduz à criação de uma pintura deste caráter. Nesta composição podem ser observados seis índios nativos, sendo que dois são adultos e quatro crianças, cercados por três soldados sobre um tronco, visto que o plano de fundo presente é composto por árvores e rochedos.
O principal e aterrorizante valor simbólico presente é nitidamente retratado pela posse de armas por parte dos soldados e pela corda utilizada para prender os Índios nativos da província de Curitiba, de forma a que estes sigam o caminho determinado dos soldados. Atentando na expressão assustada das crianças que se tentam refugiar do medo agarrando-se aos adultos, que por sua vez aparentam tristeza, evidencia-se a intenção de os tornar prisioneiros por parte doa que os cercam.
Numa análise mais pormenorizada, antevê-se a origem dos soldados e o que estes simbolizam. A sua postura não é totalmente rígida, sendo notável a sua tristeza e obrigação por parte de outrem a agir de forma tão cruel, de modo que se entende que estes conhecem o duro destino dos prisioneiros tendo sido eles próprios também índios pertencentes a uma província e capturados para vários fins, como mão-de-obra escrava. Para além disto, os índios encontram-se despidos de quaisquer bens materiais, demonstrando a sua pureza e sendo vítimas do destino que lhes é imposto.
Por fim, as cores utilizadas não são vivas e alegres, pelo contrário, o artista demonstra uma absoluta genialidade ao utilizar, em conjunto com todo o simbolismo presente nos elementos retratados, cores que transmitem tristeza e angústia.
O artista apresenta, assim, uma obra impressionante pela capacidade de transmitir ao observador todo o caráter doloroso da cruel realidade apresentada.

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