Joana Couto | Opinião

Nesta aparentemente simples imagem apresentada pode-se ver o que se conclui que sejam, através da legenda da mesma, três índios soldados a transportar uma família de prisioneiros nativos: um pai, uma mãe e quatro filhos, por uma floresta tropical acastanhada.
Inerente a esta complexa imagem estão três soldados índios vestidos com um uniforme branco e vermelho, que aparentam estar com uma expressão melancólica, uma vez que estes são escravos obrigados a cumprir a sua função de escoltar outros índios que, por sua vez, também serão escravizados.
Quando visionada com a devida atenção, na imagem pode-se observar que os indígenas aprisionados estão nus, o que pode simbolizar, neste caso, a liberdade em que se apresentavam antes de serem aprisionados, antagonicamente aos soldados, que estão vestidos com a cruel escravatura e aprisionamento a que estão expostos mas tanto os prisioneiros como os soldados se encontram descalços, simbolizando a vulnerabilidade dos colonizadores a que todos eles estão expostos.
Embrulhado nesta tão bem conseguida imagem consegue-se observar também que os índios soldados não estão de arma apontada aos indígenas aprisionados. Este facto remete para estes índios soldados não quererem de forma alguma que o seu povo seja sujeito ao que eles são sujeitos.
Em suma, recomenda-se a análise desta hábil e impar imagem, pois esta inicia uma reflexão acerca da espécie humana e do que esta é capaz de fazer na sua forma mais cruel, na sua forma mais crua e pura, podendo imprimir nela uma grande e importante aprendizagem e reflexão acerca do nosso próprio comportamento na sociedade e do nosso impacto no próximo.

 

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