Beatriz Fernandes | Opinião


Ao primeiro olhar retém-se logo desta tocante imagem uma das ideias fulcrais daquilo que se quer representar e a sua legenda apenas vem confirmar e retirar quaisquer dúvidas do que se observa.
Em primeiro lugar, pode-se ver o que parece ser uma fila de indivíduos, mas com algumas diferenças entre si, sendo que seis deles se apresentam completamente despidos e parecem representar uma família indígena, enquanto os restantes estão armados e vestidos como soldados. Toda esta acção se observa num cenário natural, no qual os soldados escoltam membros de um povo de índios.
Aquilo que parece ser apenas mais uma imagem de uma realidade assustadora diz mais do que se vê primeiramente. Através da legenda, tem-se conhecimento de que as pessoas que capturam e fazem de prisioneiros os índios são, nem mais nem menos, também eles índios, mas que foram usados e escravizados como soldados. Ao analisar-se a nudez dos capturados, esta pode remeter para a pureza dos mesmos e para o facto de ficarem sem nada e vulneráveis.
Além disso, analisa-se ainda um pequeno pormenor que acaba por transmitir uma mensagem perspicaz, que é facto de que, ao escoltarem aqueles indivíduos (que possivelmente até podiam fazer parte do mesmo povo antes de todos serem feitos escravos), nenhum dos escravos armados aponta a sua arma para os pobres indefesos. Tudo isto leva a fixar que todo este massacre a que os povos indígenas eram submetidos, seja capturando elementos do próprio povo ou até mesmo sendo obrigados a abandonar tudo o que tinham, é algo assombroso de pensar, pois acabam por ser vítimas de práticas desumanas.
Em suma, esta revelou ser uma fantástica forma de consciencialização para a realidade da escravatura de índios, algo que o próprio homem é capaz de fazer a pessoas tão puras e vulneráveis. Assim sendo, o visionamento desta gravura é deveras aconselhado, talvez também para este assunto não ser ignorado, sendo esta uma imagem incrível forma de o fazer.

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