Diogo Heleno | M… de Mulheres

Curiosamente, foi um feixe de luz, só um feixe de luz.
É certo que de uma luz muito distinta, daquela que não é colorida e que não se vê, que é luz e não alumia, cientificamente falando, com comprimentos de onda entre 1 e 100Å (lê-se «angström»), com ordens de grandeza à escala interatómica, capaz por isso de gerar difrações significantes.
Imagine-se agora um espelho tridimensional, de geometria pouco linear, no qual incide um feixe de luz, semelhante a um laser; não será pouco difícil de compreender que será possível, a partir das projeções dos pontos coloridos refletidos na superfície onde está apoiado o espelho, conhecer a forma estranha do objeto refletor. Foi o mesmo conceito que Dorothy Crowfoot Hodgkin desenvolveu usando raios X, técnica denominada por «Cristolografia por raio X», inclusivamente referida no artigo publicado na última edição deste jornal, a propósito de Rosalind Franklin.
Na verdade, esta mulher do século XX, nascida na cidade do Cairo, foi galardoada com o Prémio Nobel da Química, devido às aplicações importantes que fez com esta técnica inovadora, em 1964. Entre as descobertas mais importantes de D. C. Hodgkin destacam-se a estrutura da penicilina, da vitamina B12 e da insulina, esta última feita cinco anos após a atribuição do galardão.
Dedicada, na sua adolescência, ao estudo da química, ingressou na Universidade de Oxford em 1928, terminando o seu doutoramento, em 1937, na Universidade de Cambridge, onde começou a dedicar grande parte do seu tempo ao estudo das estruturas tridimensionais de biomoléculas, como as proteínas.
Após anos doados à causa científica, Dorothy, que passou os seus últimos anos de vida presa a uma cadeira de rodas devido a um grau avançado de artrite reumatóide, e acabou por falecer a 29 de julho de 1994, aos 84 anos de idade, devido a um acidente vascular cerebral.

 

 

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