Afonso Carvalho e Costa – 9ºD

Desço a rua, cumprimento os meus vizinhos, entro no metropolitano, sorrio para a menina que está na bilheteira e digo-lhe “Bom dia!”. Ela devolve-me o cumprimento com uma enorme alegria, fazendo-me perguntas pessoais dignas de uma boa conversa. Chega a carruagem, sento-me no primeiro lugar vago que encontro. O metro está a abarrotar. Ouve-se conversas alheias e muitas gargalhadas. Saio na minha paragem, triste por aquela linda viagem ter chegado ao fim. Subo as escadas, atravesso o gigante bando de trabalhadores ensonados e entro na praça do costume, cheia de cores e vida. Entro numa loja lindíssima. Fui recebido da melhor maneira possível, dando-me ainda mais vontade de lá gastar dinheiro.
- Bom dia, senhor! Está tudo bem consigo hoje? E lá por casa? -cumprimenta-me a menina da caixa registadora.
-Bom dia! Está tudo bem, sim! Está um dia lindo e aproveitei para passear e vir fazer umas comprinhas. - respondo eu com um sorriso de orelha a orelha. Pego num cesto. Escolho as minhas compras, o mais apressadamente possível para ir para a conversa. Tudo aquilo é banal, não muito bem arrumado, mas, com a simpatia dos empregados, pouco me interessa isso.
-Então é tudo! Hoje não levo muita coisa, só o essencial. – Chego-me junto da menina e preparo-me para a conversa alheia.
A menina dá-me o troco. Ainda ficamos algum tempo à conversa, porém, chegam, entretanto, novos clientes e eu tenho de deixar a menina trabalhar:
-Tenha o resto de um bom dia, menina! – lanço-lhe, enquanto saio.
Mais uma vez, senti, não tristeza, mas saudade e vontade de repetir toda a minha rotina. Como é possível tudo ter mudado tanto? Antigamente, por serem máquinas antiquadas, demorámos imenso tempo para tirarmos o bilhete e ficávamos simplesmente a contar os bancos, enquanto esperávamos, na presença de um silêncio que assustava, que o bilhete saísse. Hoje em dia, o bilhete é instantâneo e nós mesmos é que fazemos com que a interação se prolongue. Felizmente, tudo mudou. A sociedade, principalmente. Podemos estar numa era moderna, mas não é esse o motivo que me faz acordar todos os dias bem-disposto. Feliz, volto a casa com a minha família, todavia conto o tempo para recomeçar a minha rotina diária. Esta é a minha realidade, adoro este futuro em que me sinto tão feliz.

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