Carla Panta |Os pais dos pequenos

Na continuidade do artigo anterior, questionei uma mão cheia de mães&pais sobre o que era para si ser mãe e/ou pai e a definição do estilo parental que praticavam. Obtive respostas muito interessantes e convergentes se perspetivadas na questão do género. As mães utilizam inequivocamente a palavra AMOR, maioritariamente ligada ao conceito de Amor Incondicional. Os pais recorrem preferencialmente ao termo AMIGO, alguém presente que ajuda o(a) filho(a) a crescer.
Quando questionados sobre o estilo parental que os define, ambos depositam a confiança do retorno positivo do seu papel na felicidade dos filhos. Este é o objetivo máximo dos pais (homens e mulheres), havendo também quem acrescente a intenção de educar para a cidadania a fim de criar um mundo melhor. Percebe-se, ainda, preocupação pelos valores, com limites bem definidos; referência à autonomia versus proteção e à oscilação entre a parentalidade tradicional e a parentalidade consciente.
Não posso deixar de realçar o quanto ser pai/mãe de crianças pequenas pode fazer eclodir a dimensão poética da existência humana. Sente-se a esperança que cresce a par da sensação de confiança no futuro. Visualiza-se o sorriso tranquilo de que tudo correrá bem! Acrescente-se, salvo raras exceções, que o sonho comanda o quotidiano da parentalidade!
É altura de perguntarmos: porque será que à medida que os filhos crescem, decresce esta veia poética de educar?
E, ainda, por que em tantos agregados familiares, o desencantamento toma conta da educação à medida que a infância avança? (a meu ver, algo muitas vezes concomitante com a saída do nível de educação pré-escolar para o nível do ensino formal).
Que competências parentais têm de ser construídas para que a poesia de educar permaneça? Que redes sociais têm de ser tecidas para que todos os pais sejam poeticamente desafiados?
Sabemos que só se constroem poesias familiares se estiverem apoiadas numa realidade tranquila! A tranquilidade pela estabilidade financeira, possível numa sociedade sem ambiciosos ou ociosos; pela estabilidade conjugal, facilmente alcançável com uma partilha de responsabilidades entre homens e mulheres diferente, baseada na distribuição equitativa das tarefas; e pela estabilidade do mundo empresarial e do trabalho, mais favoráveis à igualdade de género e organização familiar.
Pais dos Pequenos, que a vossa poesia permaneça e prevaleça por muitos e bons anos. Jamais desistam de contagiar pais que já deixaram de sonhar, um sinal que as suas crianças estão em perigo!
Já Fernando Pessoa dizia: “(…) Grande é a poesia, a bondade e as danças… Mas o melhor do mundo são as crianças, (…)”!

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