Maria Cordeiro (12°E)

O mundo mudou. O vírus mudou-nos a todos sem exceção e, no entanto, tudo permanece igual. O Covid-19 será a verdadeira razão do distanciamento entre a população mundial? As mães choram as perdas de filhos e maridos para esta doença tão cruel, tão mortífera que desarma os mais fortes de nós. Ninguém nos garante que estamos protegidos a 100%, é impossível fazê-lo. Enquanto houver alguém na rua a beber o seu café, ou a aproveitar os saldos, ou simplesmente a cumprimentar a vizinha, ninguém está seguro. É essa a parte interessante desta "simples" gripe, que se espalha tão depressa como o ciclo de vida das moscas da fruta, e faz-nos cair tão depressa. Caímos de dor, a dor que na maioria nem nos atinge a nós, mas atinge os nossos amigos, a nossa família, os nossos colegas de trabalho e até mesmo a simples pessoa por detrás do balcão do supermercado local. Tão simples, tão indispensável. O que é dispensável é o café a seguir ao almoço, só para saber as novidades dos vizinhos, o lanchinho com as amigas a meio da tarde, o jantar entre amigos, o concerto do “melhor artista do mundo!”. "A vida são dois dias", mas de nada serve se estivermos presos num quarto isolados de quem amamos e de quem nos ama, isolados de tudo o que há de bom lá fora, afastados das experiências que iriam moldar o nosso futuro, tudo porque o "bicho carpinteiro" nos obriga a ficar em casa durante umas semanas. Perder a festa do ano, ou perder um ano? Perder a melhor noite das nossas vidas, ou perder a vida? "Aos vossos avós foi-lhes pedido para irem à guerra, a vocês pedem-vos para ficarem no sofá. Tenham noção". Tão fácil de dizer e tão difícil de cumprir! Múltiplas pessoas partilharam esta frase nas redes sociais, após um jogo de snooker com os amigos no café do centro. "Não vou aguentar a quarentena sem estar com X". Esta foi uma das frases mais popular e comum no Twitter no último mês e, no entanto, a que suscitou um sorriso imediato: não foi a quarentena que nos separou, nunca estivemos unidos de facto. O mundo evoluiu em tudo menos na maneira como lidamos uns com os outros. Tudo é motivo de chacota, o mínimo erro é alvo de críticas infalíveis, como se de críticos o fossem. "És gorda", "todos os corpos são bonitos"; "és feia", "o que interessa é o interior"; "é impossível conseguires fazer isso", "o que interessa é que deste o teu melhor". Os mesmos que julgam são os mesmos que defendem. Ninguém se coloca no lugar do "outro", ninguém pensa além de si próprio. Um mundo egoísta que nunca foi mais do que o que lhe era conveniente. Com isto, afirmo que é impossível afastar algo que nunca esteve unido.

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