Filipa Nobre (12º I)

Nunca ninguém pensou que 2020 nos reservaria algo tão desafiador e inquietante como o Covid 19. Certamente desfrutámos a passagem de ano e fizemos os nossos pedidos na esperança de que este fosse aquele ano especial que seria capaz de nos trazer aquilo por que tanto ansiamos. Que iria ser o ano que nos afastaria das nossas dores mais sofridas e nos dava a tão esperada vitória das nossas lutas anteriores, mas o que na verdade 2020 nos trouxe foi mais uma luta. Desta vez, uma que não podemos vencer sozinhos, mas sim todos juntos, tendo em conta que cada um deve permanecer na sua casa. A verdade é que neste contexto não consigo deixar de pensar nas perdas. Todos nós estamos a enfrentar a perda, seja a perda das nossas rotinas, das atividades de que tanto gostávamos de fazer, seja o contacto físico daqueles que estávamos habituados a abraçar tão frequentemente. Tudo isso nos deixa a dor, a raiva por não conseguirmos aceitar esta situação, mas como poderíamos? Somos adolescentes, gostamos da nossa liberdade, gostamos das nossas coisas como elas eram, apesar de dantes reclamarmos delas. Estamos obrigados a ficar em casa, dia após dia, com a nossa companhia e da nossa família para que todos nos mantenhamos a salvo. Passamos o dia a desejar sair e fazer o que fazíamos, encontrar quem estávamos acostumados a ver todos os dias. A vida atirou-nos para casa obrigando-nos a perceber que em todos os dias que vivemos antes disto tudo éramos mais ricos do que imaginávamos, agora percebemos isso. Por muitas coisas que nos deixem infelizes, ao menos não estávamos obrigados a esta situação e esse pensamento recorda-nos da necessidade de sermos gratos pelo que a vida nos oferece. Resta-nos sermos pacientes e aprendermos a lidar com as consequências que este vírus nos traz. Resta-nos acreditar que conseguimos sobreviver a estas mudanças e, por mais que doa hoje, um dia irá passar, uma vez que as emoções são sempre temporárias. Acredito que esta situação nos afaste fisicamente, mas depende de nós deixarmos ou não que as pessoas que fazem parte da nossa vida se afastem. Conclui-se que devemos permanecer seguros e que nem sempre é o nosso dever manter as coisas bem: está tudo bem em sentir ansiedade, sentir dor, sentir raiva, desde que saibamos que isso não nos irá consumir, se não deixarmos.

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