Diogo Heleno |M… de Mulheres


O pano de fundo é, afinal, o final da década de 60 do século passado, no estado americano de Massachusetts, durante a amplamente conhecida Maratona de Boston, na qual, surpreendentemente, se vê surgir, entre os atletas, a inscrição K. V. Switzer. Nunca antes duas letras e um apelido foram, na verdade, tão surpreendentes. E esta surpresa advém (suprema irrisão nos tempos contemporâneos!) apenas de significar um nome de mulher.
Na verdade, as mulheres só foram possibilitadas de participar nesta competição desportiva em 1972 e até 1966, ano em que Roberta Gibb, não oficialmente, a realizou na totalidade, nunca a organização da mesma tinha desinibido a presença de atletas femininas entre os maratonistas oficiais. No entanto, só no ano seguinte Kathrine Switzer conseguiu participar de forma oficial na Maratona de Boston, ao se inscrever com o nome abreviado, de forma a ser ignorada pela organização uma presença feminina antes da realização da prova. Apesar de tudo, houve ainda uma tentativa de desqualificar Switzer, por parte de um dos organizadores, Jock Semple, o que não aconteceu depois do marido de Kathrine o ter impedido.
Este episódio revelou ser um marco importante da emancipação feminina e que levou a que passados poucos anos a maratona estivesse também aberta à participação de mulheres, abrindo igualmente horizontes à criação de equipas desportivas totalmente femininas.
Katherine Switzer nasceu na Alemanha em 1947 e, sendo filha de um coronel norte-americano, mudou-se para os Estados Unidos da América em 1949. Estudou jornalismo e literatura inglesa e atualmente já tem vários artigos e livros publicados, entre eles o “Marathon Woman – Running the Race to Revolutionize Women’s Sports”, que celebra o meio século que se passou desde a icónica maratona.

 

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