Maria Beatriz Esperança Bouça – 9ºE

Desço a rua, cumprimento os meus vizinhos, entro no metropolitano, sorrio para a menina que está na bilheteira e digo-lhe “Bom dia!”, abrindo um sorriso rasgado. Ela devolve-me um animado “Bom dia!” acompanhado de “Tenha uma boa viagem!”. No interior da carruagem, sento-me. O espaço é magnífico, repleto de sons vivos: à frente, um grupo de amigas  planeiam o seu dia no shopping,  do meu lado direito, um casal apaixonado  cria planos futuros,  perto da porta, dois irmãos  discutem acerca de quem vai utilizar primeiro o novo comando de jogo azul, atrás,  vislumbro a linda imagem duma jovem mãe a filmar a sua criança, que canta alto uma música aldrabada,  inventada pelos sonhos inocentes e pela falta de vocabulário, aplaudida por senhores de rostos fatigados mas risonhos, vestidos de igual, provavelmente a caminho do trabalho. Ao sair na minha paragem, vejo grupos de dançarinos, músicos, vendedores, turistas, que dão cor e alegria às ruas da cidade. Sigo, calma e sorridente, sem um rumo pré-definido, sem um destino preciso.... Acabo, assim, por entrar no pequeno mercado. Agarro tudo o que me parece interessante, não é que precise, mas é tudo tão bonito, atraente, higiénico, impessoal…. Dirijo-me para junto da única caixa funcional e pouso as minhas compras. Oiço um som esganiçado e volto-me para trás. É o senhor do bigode! O amigo do pai que ajudou a consertar o elegante toucador de madeira à entrada de casa. Cumprimenta e pergunta sobre a saúde e a família, se o mano já acabou o tal curso de sonho. Longa conversa. Gosto de ouvir palavras verdadeiras. Despeço-me e agradeço à menina da máquina, que sorri de orelha a orelha como sinal de agradecimento mútuo.  Volto a entrar no metropolitano. Sento-me. Novas pessoas, novas conversas, novas travessias e motivos para sorrir ocupam e modificam, de forma positiva, a visão do grande e enferrujado metro. Regresso a casa com os olhos alegres e a alma gargalhante. Sinto-me bem. Sinto-me exageradamente bem. Adoro.

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