ProFuturo|Beatriz Menino


Como referimos na edição anterior, o objetivo central desta rúbrica passa por preparar a nossa geração “ProFuturo”! E se é de futuro que aqui falamos, sendo nós, redatores e leitores, jovens alunos (alguns prestes a entrar no mercado de trabalho), não há qualquer dúvida de que a fase que estamos a atravessar é o primeiro grande passo para o futuro que já estamos a construir, e a escola é o local que nos permite traçar esse percurso. Desde palestras e projetos inovadores propostos por alunos a clubes e até mesmo a uma avaliação externa,.. estes foram acontecimentos que fizeram do mês de novembro o reflexo perfeito da importância e preocupação existente pelo futuro da educação, de uma geração e do mundo.
Foi no passado dia 13 de novembro que o auditório da Escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte teve o enorme privilégio de receber o conceituado professor Carlos Fiolhais. Doutorado em Física Teórica pela Universidade de Frankfurt, atual professor catedrático do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, autor de cerca de 50 livros, 150 artigos científicos em revistas internacionais, e 500 artigos pedagógicos e de divulgação, Carlos Fiolhais é um divulgador da ciência, tendo sido notório o fascínio e paixão que sente pela mesma. O físico desempenhou ainda, entre outros, os cargos de diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e da revista Gazeta de Física, consultor dos programas da SIC, da RTP e do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra. Atualmente, é diretor do Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, colaborador dos jornais Público, Sol, As Artes entre as Letras e Jornal de Letras e responsável pelos programas de Educação e de Ciência e Inovação, da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Naquela que foi uma atividade da responsabilidade do Clube de Ciência, o auditório contou com lotação esgotada, e quantos mais lugares houvessem mais lugares (deveriam e) iriam ser ocupados, pois esta foi de facto uma viagem “dos átomos às galáxias” que prendeu a atenção de todos do início ao fim. O genial Carlos Fiolhais, sempre com o seu entusiasmo, simplicidade e sentido de humor característicos, alertou-nos para a importância dos conhecimentos que adquirimos na escola e da repercussão desses mesmos conhecimentos, remetendo-nos para a necessidade da existência de equações matemáticas, que traduzam os fenómenos naturais, descoberta por Galileu (há cerca de 300 anos). Estas equações, quando mais complexas, exigem mesmo o recuso a supercomputadores que tornem possível a sua resolução. Fiolhais afirma que estamos na “era da computação, melhor dizendo “era da supercomputação”, remetendo-nos para o supercomputador Milipeia (inaugurado em 2006 na Coimbra), capaz de um bilião de operações por segundo e para Navigator, um novo computador cem vezes mais rápido, sendo expectável que nos próximos anos haja computadores ainda com maior poder de cálculo. O físico vai, assim, de encontro ao que temos vindo a abordar nesta mesma rubrica.
Ao longo dos noventa minutos de pura inteligência e talento para ensinar, fomos despertados para aquelas que achamos ser necessidades de ordem científica e que se traduzem em necessidades de ordem prática que nem imaginamos. “Ver aquela novela que não tínhamos visto ou a repetição de um golo que a televisão teima em não repetir”, “a previsão do tempo”, inovações a nível do diagnóstico médico (recurso a imagem sem necessidade de intervenção humana através de inteligência artificial e machine learning) são exemplos da aplicação da supercomputação. O GPS, exame ecográfico (ultrassons) são exemplos da utilização prática das descobertas de Newton. O nosso grande cientista mais recente, o “tio Albert” (como Carlos Fiolhais se refere a Albert Einstein), tem hoje a sua Teoria da Relatividade e a sua Mecânica Quântica presentes, por exemplo, nos ponteiros laser, comandos, e telemóveis com baterias mais pequenas e leves. Podemos, então, concluir que de facto a sociedade carece desta informação científica e a base para estes conhecimentos é-nos transmitida na escola.
É ainda de referir que durante a mesma semana em que ocorreu a palestra, recebemos no nosso agrupamento professores e alunos de Espanha e Itália, realizando-se diversas e didáticas atividades, onde indivíduos de diversas culturas e sistemas de ensino puderam trocar ideias e enriquecer os seus conhecimentos.
Foi também neste mês que o nosso agrupamento foi sujeito a uma avaliação externa que, como é normal, teve como objetivo último a melhoria da escola. No dia 25 de novembro, entre as 9h e as 10h30, desenrolou-se no auditório uma sessão de apresentação do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente (AEMGP), no âmbito desta avaliação, contando com a presença de alunos, professores e equipa de avaliação externa. A intervenção da Equipa na apresentação foi essencial ao enquadramento de todos os presentes em relação ao modelo de avaliação. Este tem por base trabalho prévio realizado através de análise estatística e documentos enviados pelo Agrupamento, um questionário de satisfação, a observação de atividades educativas (do primeiro, segundo e terceiro ciclos e do ensino secundário), e o cruzamento de saberes/opiniões de membros que ocupam diversos cargos na comunidade escolar, através da formação de treze painéis. Tendo em vista a elaboração de um relatório e a devolução de informação, o inspetor responsável pela apresentação da equipa de avaliação externa terminou com “Esperemos que tudo corra pelo melhor a nós, a vós e à educação em geral”. Seguiu-se a dita apresentação do AEMGP, que iniciou com um pequeno vídeo elaborado pelos alunos do curso profissional de multimédia. A apresentação continuou a exposição de informações relativas a resultados, ao serviço educativo, a liderança e gestão e a autoavaliação, tendo sido possível acompanhar a história do agrupamento e os seus projetos inovadores. Intervieram na sessão o diretor Cesário Silva, mas também a presidente do Conselho Geral, a professora Sofia Duarte do departamento de Educação e Formação de Adultos, o presidente da Assembleia de Delegados de Turma, Rui Verdasca, também Susana Graça como representante do ensino de mandarim, Diogo Heleno como aluno representante de Portugal no European Union Science Olympiad (EUSO), Laura e Lucas da Escola primária de Fonte Santa como alunos representantes do 1.º ciclo, Teresa que teve o privilégio de receber a medalha de ouro do judoca Jorge Fonseca (como consequência da sua participação nas celebrações do Dia Mundial do Judo), Beatriz Menino como representante da companhia de teatro CalaBoca e do Jornal Ponto&Vírgula.
Em suma, esse mês levou e deve continuar a levar-nos a refletir sobre o futuro que queremos e temos, neste momento, a oportunidade de construir. “Aprender e ensinar são tarefas muito árduas”, já referia Carlos Fiolhais, mas compreender porque o fazemos e a aplicação desses mesmos conhecimentos tem que ser integral e verdadeiramente significativo. Muitas vezes ouvimos dizer que “o futuro está na tecnologia e na ciência” e já o pudemos comprovar, mas a verdade é que sem alguém que promova essa inovação, e que a busque, jamais iremos construir o mundo que idealizamos. A definição desse futuro começa na definição dos alunos que queremos ser e na concretização dessa mesma definição, apenas assim poderemos exigir a escola que queremos e usufruir do que a escola tem para nos oferecer.
O futuro é a vontade que temos de querer esse mesmo futuro: tenhamos vontade de ser quem queremos, os alunos que queremos e de construir a escola que queremos e devemos conhecer e cuidar.

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