Mãe terra | Sofia Puglielli

Há que reconhecer o mérito das greves estudantis, das vozes juvenis e da tomada de consciência dos adultos que se importam pelo futuro das novas gerações, mas nesta situação de responsabilidade pelo nosso planeta é importante tomar medidas que façam uma diferença, além daquelas que já conhecemos. Existem pequenos detalhes com um grande nível de impacto ambiental, componentes da nossa comodidade quotidiana que simbolizam dias a restar para os ecossistemas que constituem a terra.
Assim, nesta edição tratar-se-ão cinco pequenos problemas que tomaram dimensões descomunais, a maioria deles lixo, alguns com componentes químicos nocivos para a saúde humana, outros problemáticos à hora de reciclar.
As cápsulas de café - O café é o segundo produto mais comercializado do mundo, após o petróleo. Ainda que aparentemente inofensivas, anualmente são mandadas ao lixo mais de 7 mil milhões destas embalagens não biodegradáveis e, como se isso não fosse já suficientemente problemático, a sua composição de plástico e alumínio também dificulta a sua reciclagem. Existem exceções, já foram desenvolvidas algumas cápsulas recicláveis cuja composição limita-se ao alumínio, por exemplo as Nespresso e Dolce Gusto, no entanto a reciclagem nem sempre acontece. É uma amarga realidade, mas maioria da população acaba por mandá-las ao lixo indiferenciado. Sempre há soluções, pois é possível optar por cápsulas biodegradáveis ou voltar à “moda antiga”.
Sacos de plástico - Obviamente, à comodidade de levar uns sacos de plástico à hora de fazer as compras custa só uns cêntimos, mas já pensou em que acontece depois? Fazer um saco de plástico demora segundos, este é usado um par de vezes para logo demorar de 100 a 500 anos em descompor-se, poluindo o ar, os oceanos e a terra. Estudos revelam que no mundo há uma utilização de mais de um trilião de sacos plástico, dos quais só 1% é reciclado. É importante continuar a difundir a consciência sobre a gravidade desta situação pois ainda não é a suficiente.
Os filtros de cigarros - Cerca de 7 mil beatas são atiradas ao chão português por minuto, o que resulta em aproximadamente 3,7 milhões de filtros de cigarros descartados anualmente. Não sendo biodegradáveis a sua descomposição demora 10 anos, possuem 4 mil substâncias químicas no seu interior e são o maior contaminante dos oceanos. Foram e podem ser tomadas medidas em relação a este problema, ainda que só entra em vigor em 2020, a Assembleia da República Portuguesa aprovou um decreto-lei que permite a aplicação de multas de até 250 euros a quem atirar as “pontas” dos cigarros para ao chão. Outras medidas optáveis são, por exemplo; a sua utilização como componente para pesticidas; para a fabricação de tijolos ou inclusive para a criação de material absorvente de som
Pilhas - Há contentores especiais para pilhas por uma razão. Estas estão compostas por mercúrio, chumbo, cobre, zinco, cádmio, mangones, níquel e lítio, elementos incrivelmente poluentes. Só uma pilha pode poluir aproximadamente 20 mil litros de água. Ainda que a sua utilização tem vindo a reduzir a sua separação é essencial para o mantimento dos oceanos.
O consumo fantasma - Os equipamentos eletrónicos, alguns mais do que outros, consomem energia ainda no off-mode ou stand-by, por isso é importante habituar-nos a controlar este consumo de energia. Entre 10 a 20% do consumo em casa corresponde ao consumo fantasma, além de poupar na conta poupamos energia elétrica com origem não renovável, a qual custa ao planeta os seus recursos fosseis e a destruição da camada de ozono gerada pela produção de CO2.
Agora que conhece a magnitude de coisas tão simples, quanto custa seguir algumas das indicações já dadas? Nada, ou acaso considera que as consequências são um preço mais plausível? Ainda estamos a tempo de mudar alguma coisa, e pequenas ações (fazer ou não fazer) podem ter grandes impactos.

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