Editorial |Jorge Alves, professor

Direitos Humanos

“Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, saúde, educação” – Sérgio Godinho (in álbum “à Queima-roupa”, canção: “Liberdade”)

Quando ouvimos falar nas notícias ou em discursos institucionais em direitos humanos, pensamos que se trata de um assunto muito complexo, que vai para além do nosso entendimento, que só pode ser discutido por gente de imensa cultura e com enormes aptidões oratórias, porém, bem pelo contrário, este é um tema que está bem presente no nosso quotidiano e que vivenciamos minuto a minuto em qualquer momento de nossas vidas.
Logo ao acordarmos, se o fizermos numa casa minimamente confortável, no seio de uma família minimamente harmoniosa, estamos desde logo a usufruir do nosso direito à habitação, a termos uma família, ao “pão de cada dia”, quando nos alimentamos e tomamos o nosso nutritivo pequeno-almoço, estamos a gozar da paz e… quantas pessoas no nosso país e no resto do mundo não conseguem usufruir destes direitos? Quantas pessoas têm que lutar quotidianamente para terem um mínimo de dignidade, de casa para viver, de família para os acolher e amparar, de alimentos para os sustentar, de paz? Essa paz de que todos os que mandam no mundo falam, mas que muito poucos constroem, quando o negócio das armas continua a ser o mais lucrativo. E, se não tivermos paz, dificilmente conseguiremos concretizar quaisquer outros direitos humanos, não só os que são descritos na Carta das Nações Unidas, mas os outros que fazem parte integrante das nossas vidas.
Continuando no percurso do nosso dia, dirigimo-nos à escola, ao mesmo tempo que os nossos familiares e outros amigos se dirigem aos seus empregos; e aí estamos a usufruir de outros importantes direitos: à educação, que nos abre as portas ao nosso desenvolvimento e à nossa realização como seres humanos, o direito a termos um trabalho digno, sem exploração, com condições de higiene e segurança e com a remuneração justa… e também usufruímos da nossa liberdade de movimentos, o que na nossa cidade ou na nossa região se concretiza bem facilmente, mas que continua a ser imensamente difícil para quem tem que atravessar certas fronteiras e tenta encontrar melhores condições de vida, fugindo à fome e à guerra.
Ao longo de todo o nosso dia, no trabalho, na escola, nos convívios entre amigos, em muitas outras situações, podemos exercer o nosso direito à livre expressão das nossas opiniões, a liberdade de pensamento que, tantas vezes e em tantos lados foi e ainda está a ser reprimida por causas políticas, religiosas, ou por haver alguém que quer impor a sua única verdade. Para os mais novos, também é importante, aliás, muito importante o direito a brincar, uma das formas mais criativas de adquirir aprendizagens. Por outro lado, todos os dias exercemos o direito à amizade, a amar e ser amados, aos afetos, à imaginação, à felicidade.
De regresso a casa, de novo entre as nossas famílias, podemos exercer um dos mais prazerosos direitos: o direito ao descanso. E, ao longo de todo o dia, se vivêssemos num mundo perfeito e feliz, teríamos tido o direito à informação, à cultura, e, acima de todos, em que todos estão incluídos, o direito à liberdade.
Então, digam-nos lá se esta coisa dos direitos humanos não é o tema mais simples para falarmos, discutirmos e vivermos?

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