A Minha Voz Conta! | Izabela Candido


Atualmente, é visível um grande receio dos professores para com o seu futuro. As notícias destacam a greve e as manifestações do corpo docente que está a fazer-se sentir a nível nacional. Algumas escolas estão fechadas devido à ausência premeditada dos educadores. Nós, alunos, acabamos por ficar contentes e ansiar para o próximo “furo” que venhamos a ter, porém menosprezamos a causa obscura que provoca esse acontecimento. Já de há muito os professores lutam pelo lugar que merecem na sociedade educacional. Um grupo acaba por demitir-se, outro grupo aceita as condições que lhes impõem, outros lutam. Sendo eles humanos, têm o direito de lutar pelo cumprimento dos seus direitos e dos direitos dos seus alunos. Na escola, de manhã o chilrear dos pássaros deu lugar ao som das buzinas, ou pandeiretas. Os alunos reclamam que os “stores” não estão ali a fazer nada, ninguém está a vê-los, mas será mesmo assim? Apesar dessas reclamações e do tempo limitado que os educadores têm para realizar o protesto, eles continuam a reunir-se, mesmo nas manhãs mais frias e continuam a luta. Dirigem-se de uma escola à outra, com os cartazes a exigir respeito pela profissão que exercem. Decerto, ser professor é algo desgastante e é preciso amar para o ser. É preciso saber lidar com os diversos alunos desrespeitosos que se encontrarão nas diversas turmas; saber aguentar as dores de cabeça no fim do dia por passar o dia todo na escola, e ainda ter de corrigir testes; e, talvez, um dos aspetos mais dolorosos, abdicar do tempo com a família para concretizar o desejo de passar de ano os alunos. São estas as principais particularidades que uma pessoa precisa reunir e demonstrar para se tornar professor. Não são todos que as conseguem e, nos dias de hoje, já são raras de se verificar em alguém, e por isso, a profissão docente acaba por estar em “vias de extinção”, se a sociedade continuar a seguir este caminho.


A grande maioria dos educadores, determinados em conseguir que os seus direitos sejam respeitados, realizam deslocações que se assemelham quase a procissões. Não obstante, ao invés de procurarem fé e dirigirem-se para a igreja, procuram respeito e consideração, na capital, para que sejam ouvidos. De forma sucinta, é de realçar que existe uma grande desvalorização para com os professores e que, apesar da batalha que eles enfrentam, as mudanças realizadas são mínimas ou até mesmo inexistentes. Contudo, para o Ministério da Educação não será fácil gerir estas situações. Muitos membros que se encontram lá dentro, sentem angústia e gostariam de poder fazer algo mais para ajudar, no entanto após uma assembleia geral, notoriamente será escolhida a hipótese ou as mudanças a realizar que favorecerão mais o país ou o Governo, esquecendo-se do impacto dessa decisão que provocará sofrimento para alguns. Corajosos e leais. Dois adjetivos que mais caracterizam os professores que se encontram na luta pelos seus direitos. Ser professor é admirável. Esta não é apenas a visão de uma aluna, mas de uma cidadã comum.

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