Sexto Sentido | Diana Barros

Se há tema comum no diálogo entre os jovens, quando estão prestes a finalizar o terceiro ciclo, é a desafiante escolha de curso para o prosseguimento dos estudos no 10º ano. Às vezes, penso se um jovem com 14/15 anos estará apto para escolher um curso e determinar o seu futuro sem, talvez, ter experiência e maturidade para tal decisão. Cá entre nós, eu acho que não e é por isso que vemos pessoas tão insatisfeitas com as suas profissões… Talvez este meu desabafo resulte da minha mente a divagar pelos meus pensamentos antes de ir dormir ou do facto da nossa Psicóloga, em Oficina de Projetos, se dedicar à teoria, enquanto todos nós tentamos perceber as habilidades e competências que cada um tem, de modo a descortinarmos a área para a qual demonstramos ter mais capacidades. E por que penso eu tão constantemente neste assunto, perguntam vocês? Reflito muito sobre isto, porque eu também não sei ou não me sinto preparada para o dia em que eu terei de desenhar a cruz na folha onde constarão os cursos disponíveis. Basicamente, a cruz e a folha são determinantes no meu futuro. Nada assustador eu diria. Todos me dizem “Tens muito tempo, não te preocupes com isso agora”, mas eu, na verdade, tenho uns sete meses para decidir e, cada vez mais, o tempo passa a correr e eu nem dou por isso. Na minha opinião, sermos confrontados com todas estas decisões nesta idade tem os seus prós e contras. Eu concordo com a ideia de ser necessário usarmos da nossa autonomia para escolher, desde cedo, tanto mais que somos muito bem acompanhados pela escola, mas eu recordo-me que tinha o meu objetivo traçado desde, talvez, o 6º ano e, agora, dou por mim cada vez mais confusa, por causa de toda a informação que nos vai chegando. Um dos grandes contras e com o qual não me podem fazer concordar é com a importância que dão à teoria de cada área profissional. Quase que me arrisco a dizer que grande parte dos alunos não sabe nada sobre a prática, sobre o dia a dia dos trabalhadores. Falta-nos uma parte fundamental: como é o trabalho no “campo de batalha”? Como é ter um patrão ou como ser um bom patrão ou um bom funcionário? E isto acontece, porque, a qualquer tentativa de perceber como é trabalhar a sério é dada o nome de exploração infantil. Depois de se escolher o curso, depois de se tomar uma decisão é que nos é dado o direito de ter acesso ao mundo do trabalho, aos 16 anos de idade. Chega até a ser irónico, no meu ponto de vista. A minha opinião vale o que vale, é certo, mas sinto-me no dever de fazer chegar até vós aquilo que sinto e, com a dedicação que depositei neste texto, decidi expor as minhas preocupações no que se refere à tomada de decisão que, em breve, quem se encontra a frequentar o 9º ano terá de realizar

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