Notícias |Inês Monteiro, 9ºH

No âmbito do estudo da crónica “História sem palavras”, de Maria Judite de Carvalho, os alunos das turmas B e H do 9º ano ficaram sensibilizados com a reflexão que o texto convoca, concluindo que a previsão realizada, pela autora, em 1971, veio a confirmar-se e que o texto se mantém atualíssimo: o ser humano, arrastado pelo progresso, embrenha-se nos ritmos velozes impostos pelas grandes cidades e negligencia a troca de palavras, ainda que anódinas, com o seu semelhante. Tomados pela certeza de que a palavra, enquanto lugar de afeto rumo ao Outro e de cordialidade, deve ser reabilitada no quotidiano e que o silêncio deve ser esboroado, os alunos foram desafiados, a partir de uma frase previamente fornecida, a construir crónicas “às avessas”, introduzindo a presença da palavra, de forma a anular a temática da impessoalidade das relações humanas que atravessa o texto de Maria Judite de Carvalho.
Ana Margarida Silva

Desço a rua, cumprimento os meus vizinhos, entro no metropolitano, sorrio para a menina que está na bilheteira e digo-lhe “Bom dia”, ao que ela me retribui as palavras com um tom alegre. Dou-lhe as moedas necessárias e guardo o troco para beber um café mais tarde. Aceito o retângulozinho em troca, desejo-lhe o resto de um bom dia de trabalho e desço as escadas. Deparo-me com uma menina jovem a dançar, as roupas dela estavam quase em trapos: rasgadas e sujas, mas mesmo assim, a expressão dela enquanto dançava era bonita e radiante, fico a admirá-la por uns minutos, apercebo-me que havia uma placa de cartão no chão, era dela e pedia ajuda. Acabei por lhe dar o meu troco, sem hesitar. Desço mais uns degraus e espero que se aproxime o olho mágico da carruagem subterrânea. Ela chega, para, espera que alguns saiam e outros entrem e parte. Lá dentro o barulho das diferentes conversas era tanto, que mal conseguia ouvir o que a pessoa que acabara de conhecer me estava a dizer. Porém, fomos a tagarelar a viagem inteira. Saio na minha paragem e desejo-lhe um bom dia. Subo as mil e uma escadas do subterrâneo e sigo pela rua fora, vejo que está um senhor idoso com dificuldade em levantar-se do banco de jardim em que estava sentado, ofereci-lhe ajuda, já de pé, o senhor afirma que consegue andar sem ajuda. Despedimo-nos e fui em direção ao meu destino. Entrei numa loja e peguei num cesto para transportar as minhas compras, claro, depois de cumprimentar a menina da caixa. A loja era bonita e alegre. Depois de ter tudo o que queria, dirigi-me à caixa para pagar, ao mesmo tempo que a menina me olhava com um sorriso simpático. Paguei e agradeci-lhe, ela deseja-me um bom dia e saio da loja satisfeita. Vou a pé pelas compridas ruas até à minha casa e vejo uma avó a passear com a sua neta. Vão as duas felizes a cantarolar uma música, faz me lembrar a minha infância, quando passava as tardes, que sempre serão inesquecíveis, com a minha avó …. Posto isto, gosto do mundo onde vivo, onde há comunicação e bem-estar. Adoro.

 

Design by JoomlaSaver