A propósito de…| Jorge Carreira Alves 

Quando nos aproximamos do final de mais um ano, é forçoso fazermos o chamado “balanço”, olhando para o que mais nos agradou, apontando aquilo que foi para nós mais negativo, tentando aprender com os erros e prometendo que no futuro, no ano próximo que já se avizinha, tudo será diferente. talvez estas atitudes façam parte, sem nós o sabermos, do nosso animal e primordial instinto de sobrevivência; daí, não resistirmos em nos iludir com vãs quimeras e nublosas utopias que seguramente nunca concretizaremos. Mesmo com esta consciência de que o passar do tempo é algo muito mais extraordinário e mais grandioso do que estes humanos limites que nos impomos, contando dias e anos, já que as nossas mudanças de rumo nos assaltam inesperadamente em qualquer época, em qualquer estação, em qualquer momento, apetece-me dizer, contra todas as espectativas, que só podemos fazer um balanço positivo do ano que agora caminha rapidamente para o seu término. É óbvio e para nós muito dolorosa a perda de muitos entes queridos, que nos deixam muita mágoa e muita saudade, mas também as belas recordações daquilo que com eles vivemos; não podemos esquecer e afastar dos nossos pensamentos o intenso sofrimento que muitos dos nossos experimentaram e experimentam, com as doenças, a crise económica, a guerra, as perseguições, tudo o que são males que assolam este nosso mundo de violências e injustiças, mas também os gestos solidários, a amizade desinteressada, os gestos indescritíveis de altruísmo; é óbvio que podemos e devemos apontar a pequenez e a mesquinhez do egoísmo, da inveja, mas porque não falarmos também do amor verdadeiro e intenso, da amizade inquestionável… tudo isso nós tivemos neste ano, como em todos os outros. Então que balanço podemos fazer? Estamos vivos! E esse é o principal motivo para celebrarmos, esse é o verdadeiro valor que devemos prosseguir e defender na nossa busca constante de novos caminhos. A vida deverá ser a nossa guia, a nossa mestra, o motivo para nos agarrarmos e continuarmos a lutar pela nossa existência, sempre procurando caminhos de felicidade, para nós e para os nossos, todos aqueles que nos rodeiam e constroem connosco aquilo que é o nosso mundo. Por tudo isto, faço um balanço muito positivo de 2022: conheci novas pessoas, visitei terras que desconheciam e recordei outras a que já não ia há tempos, deleitei-me com a beleza e com a emoção das artes, com a sedução da poesia, a imaginação das grandes obras literárias, as viagens fantásticas proporcionadas pela música… enriqueci-me com a troca e partilha de ideias, com o conhecimento e convívio com novas e diferentes pessoas, com o fortalecimento das velhas amizades. Por tudo isto só posso fazer um balanço francamente positivo de 2022 e ter a certeza de que o ano de 2023 será um ano de novas esperanças, numa contínua procura de novos caminhos e de novos desafios, porque: continuamos vivos. Feliz 2023!

 

 

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