É PsicoLógico! | Carla Botas


Um dia solarengo e ainda com temperaturas de verão convida à conversa matinal e ao cafezinho habitual. É setembro, as férias já terminaram e há um regresso às rotinas, os alunos e os professores voltam à escola, uns cheios de vontade e alegria, outros nem por isso. Setembro é um mês de recomeços, um mês em que voltamos à rotina e às tarefas habituais, ao stress do quotidiano que nos distrai de nós e das nossas emoções, pois na correria do dia-a-dia não há quase tempo para pensar e sentir, tantas são as tarefas e responsabilidades que acumulamos. Entretanto as temperaturas descem, já se sente o frio outonal e caem as folhas das árvores, que são tão inteligentes, sabem que têm de deixar ir o velho para deixar nascer o novo. Muitos de nós não temos essa capacidade de deixar ir, ficamos presos ao velho, ao que já aconteceu, ao passado e não deixamos “morrer” o que já não nos serve. Se deixarmos cair as nossas folhas velhas, há espaço para nascerem as novas folhas, verdes, bonitas e cheias de energia. As folhas velhas são as nossas feridas e traumas do passado, que temos de deixar ir, e as folhas novas são a nova versão de nós mesmos, uma versão muito melhor, mais autoconsciente, mais aberta aos outros, ao mundo e à alegria de viver. Nova estação, novo tempo, novas exigências nos surgem e urge a nossa capacidade de nos reinventarmos para fazer face aos desafios atuais, Covid-19, alterações climáticas, guerra na Ucrânia e inflação, desafios pesados que nos exigem um esforço adicional para lidar com aquilo que não controlamos e encontrar estratégias que nos permitam fazer face a estes desafios.

Efetivamente não escolhemos as nossas circunstâncias de vida, mas escolhemos como lidamos com essas circunstâncias. O outono chega de mansinho para nos deixar despedir do verão e para nos preparar para o inverno, a natureza tem sempre esta forma de cuidar de nós, prepara-nos para o que aí vem, dá-nos tempo para nos adaptarmos e os seus ciclos são também os nossos. Se respeitarmos os ciclos da natureza e os nossos próprios ciclos, a nossa saúde, física e mental, aumenta exponencialmente. O vento sopra levemente e momentaneamente leva com ele as nossas preocupações, se nos deixarmos respirar tranquilamente, sentir a brisa suave, escutar o chilrear dos passarinhos e as folhas secas das árvores que pisamos ao caminhar. É esta presença que é essencial cultivar, estar presente connosco, sentir o nosso corpo, que é magnífico, faz inúmeros processos complexos continuamente e renova-se sistematicamente. Neste outono, renovação e mudança são as palavras de ordem. Que se renovem as folhas, deixemos ir as velhas e secas para deixar nascer as verdes e viçosas.
O que vais (re)começar?

Design by JoomlaSaver