Sexto Sentido | Diana Barros

Desço a rua, cumprimento os meus vizinhos, entro no metropolitano, sorrio para a menina que está na bilheteira e digo-lhe “Bom dia!”. Entrego delicadamente as moedas necessárias à menina atenciosa, aceito o retangulozinho que ela me fornece em troca, enquanto me conta sobre o bom desempenho da filha mais velha.
Desço a escadaria e meto conversa com umas senhoras que também aguardam pela tão esperada chegada dos faróis reluzentes da carruagem subterrânea. Ela chega, formamos pares, sentamo-nos e confraternizamos ao longo de toda a viagem. Lá dentro, o riso de pessoas alegres e bem-dispostas ressoa pelos corredores e enche o coração daqueles que, por algum motivo, estejam a ter um dia menos prazeroso.
Na minha paragem, saio juntamente com as minhas recentes amigas que fiz durante o caminho, subimos as escadas e os nossos olhos envolvem-se com o adornamento aconchegante que as contorna.


Assim que chego ao topo e vejo a luz do dia, despeço-me e sigo caminho pela rua fora até a uma lojinha, localizada poucos metros mais à frente. Olho em redor e sorrio por ver tantas caras radiantes.
Entro na loja airosa com um cestinho amoroso, sorrio a todos os que se cruzam comigo nos corredores e escolho o que mais me faz falta. Dirijo-me à menina da máquina registadora e a ela entrego-lhe o a nota. Ela dá-me o troco e reparo que me dá dinheiro a mais, mas não há mal nisso, errar é humano. Dirijo-me novamente à menina e corrijo-a. Com um sorriso humilde, agradece-me pela honestidade e eu reconforto-a com um olhar amistoso.
Fico satisfeita por viver num mundo moderno, mas de partilha, partilha de emoções, palavras e boa disposição, por os funcionários a quem recorrentemente entregamos os bilhetes do elétrico nos questionarem se estamos bem ou mal de saúde ou como vai a avó, as tias, os primos e por aí continua o interrogatório pela família fora. Mas um interrogatório que mostra empatia pelo próximo.
Haja os tempos que houver, desde os tempos medievais, aos dos Descobrimentos e aos pós-renascentistas, para mim, o melhor de todos é, sem sombra de dúvida, o tempo das palavras e do diálogo.
Volto, assim, a casa com as minhas compras, felicíssima e com o coração cheio.
Sinto que estou a vivenciar o presente ao máximo. E adoro!

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