É PsicoLógico! | Carla Botas

O ser humano tem a necessidade de se sentir em controlo permanentemente, de saber o que vai acontecer a seguir e de conseguir prever os acontecimentos que vão suceder, o que promove uma sensação de segurança. Mas… e quando o caos se instala? O que fazer? O caos tira-nos a sensação de segurança, tira-nos da nossa zona de conforto e inquieta a nossa alma. De repente, temos de aprender a lidar com uma nova realidade, com o inesperado e a incerteza. Mas, como o podemos fazer? Os tempos atuais estão impregnados de caos, as alterações climáticas, a seca extrema, a pandemia e a guerra na Ucrânia. A guerra surge como um verdadeiro inferno na vida das pessoas. Não sabemos o que esperar do futuro, nem conseguimos antever as consequências a nível global, social e individual. Instala-se o medo e a incerteza, e a ansiedade assombra-nos neste mundo que nos parece um quadro do Salvador Dali. A guerra parte da visão cega de quem tem o poder, de quem acha que uns valem mais que outros, de quem sente que tem a razão inequívoca num conflito armado contra a humanidade. De que serve o poder? Quem serve o poder? Para que servem as armas? Tiram-se vidas em nome de um ideal e enquanto uns decidem, outros agem, enquanto uns atacam, outros defendem-se, enquanto uns sobrevivem, outros morrem em nome da pátria… Quando o caos provém do nosso interior tendemos a espelhá-lo no exterior, ou seja, quando termos um conflito intrapessoal, facilmente ele se reflete nas relações que temos com os outros e percecionamos o conflito como externo, embora ele tenha partido de dentro de nós. Há traços de personalidade que conduzem ao caos, como o narcisismo, o egocentrismo e a falta de empatia e percecionamos estas características em muitos líderes mundiais que têm um poder assombroso. Por outro prisma, podemos equacionar que o caos conduz à evolução e esta é urgente na humanidade, é necessário trabalhar em comunidade, deixarmos de nos centrar na nossa individualidade e criar uma consciência de grupo, somos seres sociais e cada um de nós tem um papel relevante no desenvolvimento da humanidade. É urgente cuidar de nós, do nosso equilíbrio interior e agir para implementar as mudanças necessárias para que o caos se transforme em algo novo. Este autocuidado implica aceitar o que não podemos mudar e mudar o que podemos; obviamente temos de saber distinguir a diferença. O primeiro passo é aceitar que não controlamos tudo, que os outros, a natureza e o mundo nos trazem eventos inesperados e incontroláveis. O segundo passo prende-se com o nosso trabalho interior, não é por experienciarmos o caos que temos de nos deixar levar por ele. Preocupemo-nos com o que podemos controlar, com o que depende de nós e façamos boas escolhas diariamente em prol do nosso bem-estar e do bem-estar dos outros, pois é somente isso que podemos fazer… e do pequeno se faz o grande. Pequenas ações repetidas diariamente e em cadeia proporcionam grandes mudanças e o mundo precisa urgentemente de mudança.
Quais são as tuas “guerras”?

 

 

 

 

 

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