Murmúrios Fotográficos |Ana Margarida Silva

A era das Novas Tecnologias trouxe a revelação instantânea da diversidade a nível global, bem como o surgimento de uma copiosa informação que atinge todos. É incontornável o facto de o mundo atual surgir associado à transformação veloz e à precariedade, cabendo à Educação, em articulação com a Família, potenciar o adequado desenvolvimento de valores e de competências nos jovens, de modo a que estes possam fazer face aos imperativos de uma época na qual a diversidade, a interculturalidade, a sustentabilidade, a inovação são nota dominante. A intervenção da Escola e seus agentes deve ser pautada por uma orquestração em uníssono, apelando-se ao envolvimento da Família. Esta não deve descurar o acompanhamento da vida escolar dos respetivos educandos, para que os jovens da era digital sejam conduzidos à edificação de saberes científicos e artísticos, mobilizando adequadamente várias literacias. A Escola do século XXI, pretende, ainda, encorajar o exercício efetivo de uma cidadania amadurecida e criativa, devendo os jovens interiorizar a importância da escola, enquanto espaço que acolhe a todos, respeitar o Outro e excluir da sua caminhada diária todo o tipo de discriminação, bem como ter consciência da pertinência de liderar a sua própria aprendizagem, enquanto processo inconcluso, valor a ter em conta ao longo da vida. Há, deste modo, práticas que devem ser implementadas numa Escola voltada para os tempos modernos, ciosa em motivar todos os alunos, quer os que se mostram pouco sensíveis ao chamamento da Escola e da construção de saberes, quer os que, já há muito, revelam estar prontos para tomar a iniciativa na edificação de saberes, procurando o sucesso ao longo da vida. Assim, a Escola deve desenvolver competências expressivas, bem como incutir o gosto pela aprendizagem enquanto ato nunca concluso, devendo estar de acordo com o desafio de reinventar práticas, estabelecendo a rutura com um ensino que não coloca a tónica no discente e nas suas potencialidades. A Escola do século XXI pressupõe a apropriação de estratégias e recursos eficazes para que todas as crianças e jovens possam aprender, bem como um trabalho concertado por parte dos docentes. A escola inclusiva é uma temática incontornável, cabendo à Escola e seus agentes assegurar a igualdade de oportunidades de aprendizagens de todos os alunos que, afinal, chegam às salas de aulas portadores de necessidades específicas, carregando, pois, uma bagagem heterogénea indesmentível e a não descurar. O docente depara-se, efetivamente, com uma vasta gama de indicadores de heterogeneidade, tais como estilos de aprendizagem, motivações, condições de vida, origem social, cultural, racial, Português Língua Não Materna, fragilidades ao nível da saúde, devendo acolher a todos, sendo que cada aluno carrega um historial de vida que o torna único, não devendo estes indicadores constituir um obstáculo à aprendizagem de cada um. A nova escola deve ser um laboratório relacional, onde a paixão pela diferença é o que deve nortear o caminho do pedagogo cujo intuito deve ser o acolhimento de cada um no que tem de mais rico: o seu contexto pessoal e diferenças, já que não é possível, por ser desarrazoado, que as tarefas/estratégias procurem alcançar o aluno médio. Para gerir uma turma diferenciada, a criatividade, a planificação e a empatia são essenciais, mas o trilho é complexo, havendo dificuldades a esboroar: cada ser é único, havendo casos especiais o que vem dificultar a tarefa do professor. Os caminhos a percorrer nem sempre são lineares e é importante levar cada aluno a dar o seu melhor, envolvendo-o, motivando-o. Há, ainda, que valorizar toda e qualquer conquista do aluno, maximizar todos os seus pontos fortes. Todos possuem inteligências múltiplas que devem ser trabalhadas, para que possa ser atingido o sucesso educativo. Numa sala de aula diversificada, não existe estratégia capaz de atingir todos, havendo a necessidade de percorrer trilhos alternativos para alcançar todos os alunos. Não existe diferenciação, sem Autonomia e Flexibilidade Curricular, sendo esta uma ferramenta que permite a diferenciação pedagógica. Não existe diferenciação pedagógica, sem planificação, por parte do professor e de toda uma equipa, devendo o professor ser um elemento provocador, orientador, que não detém o conhecimento, mas mune os alunos de competências para a edificação, em espiral, de conhecimentos. É certo que o Ensino diferenciado coloca ao professor exigências desafiadoras, tais como conhecer os alunos que tem a seu cargo, diversificar estratégias/métodos, dar feedback célere face às aprendizagens, devendo ainda mostrar-se empático, flexível, criativo, possuidor de literacia digital, entre outras qualidades. Não existe receita, mas estratégias baseadas na sensibilidade, na capacidade em compreender o outro, em diversificar estratégias, atividades e materiais, na capacidade em gerir de forma aberta o tempo, em analisar os estilos de aprendizagem, em valorizar o trabalho autónomo e utilizar novas formas de avaliação.

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