No Meu País Era Assim | Isabella Souza – formanda dos Cursos EFA, Turma I



Antes de descrever a minha amada casa, começo por dizer que, antes de escrever o que hoje escrevo, não tinha parado para pensar nas diferenças entre as casas portuguesas e as casas da minha cidade natal. Mas pensando no assunto, realmente, posso afirmar que existem de fato muitas diferenças entre a casa em que hoje vivo e a casa onde passei boa parte de minha infância. Eu sou brasileira e natural do Rio de Janeiro., A minha cidade é uma cidade grande, porém, em termos de espaço geográfico, não ocupa muito espaço no território brasileiro, por isso as casas são geralmente muito pequenas. Claro que existem também casas grandes, com área externa do estilo vivenda, mas este tipo de habitação requer para nós um poder económico muito alto, o que não é a realidade da maioria da população.
Mas falando da casa onde cresci, assim como a maioria das casas do Rio, ela era também muito pequena, dois quartos, sala cozinha e banheiro, mas o que faz a minha casa ser tão especial é o lugar onde se encontra. Eu cresci num bairro carioca chamado bairro da Saúde. Eeste bairro tem uma riqueza histórica inigualável e para mim é de certa forma um lugar mágico. Antigamente, o Rio de Janeiro foi a capital do império português e era justo ali que, onde nasci, que a realeza portuguesa vivia e ficava quando se encontrava no Rio de Janeiro., Eentão, cresci rodeada de casarões de época e edifícios históricos importantíssimos., Llembro-me bem de brincar no Jardim Suspenso do Valongo e escorregar o dia todo na Pedra do Sal. Para mim aquele lugar sempre foi mágico e cheio de história e mistérios, e posso afirmar que, apesar de tanto tempo fora e de ter refeito toda a minha vida aqui em Portugal, ainda sinto a mesma sensação ao pensar e ao visitar o local onde cresci. É sem duvidadúvida um local cheio de histórias, umas menos boas que outras, como por exemplo: a chegada dos escravos na pedra do sal, mas acima de tudo, é um lugar onde a cultura negra e a cultura dos escravos foi de certa forma preservada, tanto que o bairro onde eu vivo é chamado até hoje de Ppequena Áafrica. Após a lei Áurea ter sido instauradao no Brasil (lei que aboliu definitivamente a escravatura), o meu bairro foi um dos locais onde os antigos escravos se instalaram. Os casarões que outrora pertenciam aos portugueses foram desmantelados e vendidos em pequenas casinhas diferentes, como é o caso da minha casa. Aquele lugar transpira cultura, e por isso tenho muito orgulho de ter vindo de lá, para além disso, apesar de se situar bem no centro do Rio de Janeiro, é um lugar bastante calmo e pouco violento, os moradores se conhecem todos e são como uma grande família.
Há dois anos atrás, voltei ao Brasil e tive o prazer de ir visitar a minha antiga casa e o meu antigo bairro, e o sentimento continuou igual, foi como se aquele lugar estivesse me abraçando e me senti finalmente em casa. Para minha surpresa, várias pessoas me reconheceram e vieram me abraçar., Apesar de ter passado treze anos fora, ainda me sentia parte daquilo tudo.
A minha casa, que já era pequena, para mim passou a parecer minúscula. Ao ver a minha antiga rua, percebi que na verdade ela era muito mais estreita do que nas minhas lembranças e percebi que já nem eu me lembrava de qual era a realidade do lugar onde vivia., Apesar disso, o amor que sinto pelo lugar de onde cresci só aumentou, e para sempre terá um lugar no meu coração. Espero um dia poder voltar àa minha origem e viver entre os meus.
Apesar de amar Portugal com todas as minhas forças, é lá que está o meu povo e é lá que se encontra a minha história.
Para quem nunca foi até o Bairro da Saúde e à zona portuária do Rio de Janeiro, aconselho-os seriamente a conhecer esse cantinho mágico bem no centro do Rio.

 

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