É PsicoLógico! | Carla Botas

Ao longo da nossa vida, as perdas são inevitáveis... Começamos pela perda da imagem dos nossos pais enquanto seres “perfeitos” quando descobrimos que afinal não existe o Pai Natal ou a Fada dos Dentes, foram pequenas “mentiras” que os nossos pais nos contaram para estimular a nossa imaginação. Seguem-se outras perdas não menos importantes, a perda da autoestima na adolescência, quando só prestamos atenção aos nossos “defeitos” e nem sequer reparamos nas nossas qualidades, a perda da motivação e da orientação quando não sabemos que área escolher no ensino secundário e a perda da inocência quando se vivem os primeiros amores, que são sempre os mais arrebatadores. A vida traz outras perdas à medida que vamos amadurecendo, perdemos namorados(as), amigos(as), familiares importantes, perdemos o rumo e às vezes perdemos até os sonhos. Nestes momentos de dor é difícil ver a luz ao fundo do túnel, parece longínqua demais para a conseguirmos alcançar e é fácil desistir, perder as forças e esmorecer... A tristeza apodera-se de nós e parece que não nos vai deixar tão cedo.
Sentir, chorar, refletir e aceitar é essencial para conseguirmos prosseguir a nossa viagem e alcançar a luz do dia, sair do túnel escuro em que nos encontrávamos. Respirar fundo, abrir os olhos e ver todos os motivos pelos quais ainda temos de agradecer. Há sempre tanto para agradecer na vida, mas nem sempre estamos atentos ao lado positivo, especialmente quando as circunstâncias da vida nos mostram o que existe de mais negativo e nos trazem a dor. O lado bom e o lado mau da vida existem sempre e tendencialmente focamo-nos apenas num desses lados, como se estivéssemos a olhar para uma moeda com duas faces, quando estamos a observar uma face não conseguimos ver a outra, mas ela está lá. (Re)Aprender a ver o que temos de bom é um dos segredos para superar as perdas, mesmo as mais difíceis. Inevitavelmente, quando superamos uma perda ficam marcas, como se fossem cicatrizes internas para não nos esquecermos do que vivemos, tal era a intensidade do que estávamos a sentir, no entanto, ficam também as aprendizagens que fazemos que nos permitem evoluir e dar outro significado à vida.
As perdas são duras, mas fazem-nos crescer e aprender a ser humildes perante este grande mistério que é a vida. Compreender que todos os seres humanos passam por perdas permite-nos criar empatia, esse laço invisível que nos une, afinal, somos só pessoas a tentar encontrar o nosso equilíbrio interior no meio do turbilhão de imprevistos que a vida nos traz. Que possamos aprender a ser “a luz” que ajuda os outros a superar as perdas por que estão a passar na vida e que saibamos guiar os nossos passos na direção da superação quando as perdas são nossas.
O que já perdeste? E o que ganhaste?

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