É PsicoLógico! | Carla Botas

Já se sente o espírito natalício, ruas iluminadas, anúncios publicitários e lojas com artigos alusivos ao Natal como que a conquistar os possíveis clientes para a compra desenfreada dos presentes. Na sua verdadeira essência, o Natal não tem nada a ver com presentes, envolve-se na mística do dar e receber, darmo-nos aos outros, dar afeto, amor, atenção, compreensão, empatia e receber o que os outros têm para nos dar. É uma troca, uma partilha, uma conexão que nos torna mais “presentes” e envolvidos no significado da vida: o amor. Nesta altura do ano, as pessoas fazem donativos a instituições de caridade, preocupam-se mais com os seus familiares, telefonam aos amigos e fazem almoços e jantares de Natal, com a tradição do amigo secreto a quem se dá um presente de baixo valor. Tendencialmente, as pessoas estão mais afetuosas e preocupadas com os outros em dezembro. E nos restantes meses do ano? Será que de janeiro a novembro as instituições não têm necessidades, os familiares não precisam de atenção e não se deve comemorar a amizade? Esta época do ano invoca a saudade de quem já partiu e o saudosismo dos natais da nossa infância, quando a magia ainda se fazia sentir. Opostamente, a esperança e a tranquilidade emergem para nos lembrar que a vida é o que fazemos dela, com as nossas escolhas, atitudes e comportamentos. Podemos todos ser “presentes”, viver o aqui e o agora, dar o nosso melhor aos outros em todos os contextos da nossa vida, darmo-nos aos outros, vivendo em unidade em vez de viver em competição e focarmo-nos no que está do lado de dentro. O nosso mundo interior reflete-se no mundo exterior e o que percecionamos no mundo espelha o que temos dentro de nós. Esta é uma verdade inequívoca, que muitos teimam em rejeitar sem refletir sobre o seu significado. O melhor presente que podemos dar a nós próprios é o desenvolvimento pessoal, o trabalho interno que nos permite evoluir, mudar de perspetiva e tornarmo-nos mais capazes de lidar com os desafios de forma saudável. Concomitantemente, o nosso desenvolvimento pessoal reflete-se nos outros, seja através da nossa interação e do impacto positivo que causamos, seja através da partilha dos conhecimentos que adquirimos. Crescemos juntos, evoluímos juntos, estamos biologicamente programados para viver em grupo e não isolados, e se assim é, porque insistimos em competir em vez de cooperar? Que este Natal traga pensamentos positivos que conduzam a emoções positivas, pois é neste estado interno de gratidão, apreço, consideração e compaixão que temos mais qualidade de vida e o melhor impacto na vida dos outros. Que os “presentes” deste Natal sejam os que criamos dentro de nós e que partilhamos com os outros, que possamos abraçar a vida com otimismo, esperança e um sorriso luminoso que ilumine o rosto dos outros. Que os presentes que compram façam a diferença na vida das pessoas a quem os vão oferecer, melhor ainda, em vez de comprarem presentes sejam “presentes”.

O que vais oferecer este Natal?
Carla Botas - Licenciada em Psicologia Social e das Organizações, Pós-graduada em Psicoterapia de Crianças e Adolescentes e Mestre em Avaliação Psicológica

 

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