No Meu País Era Assim |Larissa Hellen

A região nordestina é conhecida por ser uma das mais ricas a nível cultural e culinário, tem um clima que varia entre tropical e árido, sendo um dos principais destinos de muitos estrangeiros. Sem neve e sem lareira, o natal para os brasileiros, no geral, não se limita a papai Noel ou presentes, mas foca-se principalmente no nascimento de Jesus pelo facto de ser um país maioritariamente cristão. A grande maioria dos brasileiros costuma comprar dois pares de roupas e dois pares de sapatos, um para o natal e outro para o ano novo, compras essas que costumam fazer no fim do ano, os shoppings, lojas e feiras lotam mesmo nas vésperas e essas compras são quase uma tradição. A grande ceia geralmente é revezada anualmente entre a casa dos avós paternos ou maternos, e combina-se antes entre os familiares, também é costume dividir entre os parentes o que levar para comer para não sobrecarregar aquele que os vai receber em sua casa; um leva uma sobremesa, outro um dos pratos principais e assim por diante. Na mesa geralmente as entradas são pão, panetone e frutos secos, o prato principal, o Peru, Chester ou pernil, acompanhados por arroz com ou sem passas, farofa, creme de galinha e salada de legumes, já na sobremesa o famoso pavê ¬¬— ou pra comer —, creme de abacaxi, pudim, uvas e bolos, para beber, sumos, refrigerantes, champagnes ou vinhos. Quando o relógio bate as 18:00 horas no dia 24 de dezembro, o furdunço nas casas dos brasileiros pode ser visto de longe, pessoas para lá e para cá caminhando rapidamente pela casa, uns brigam pela vez na casa de banho, outros se aperreiam na cozinha ou em embrulhos. Das 20:30 às 21:00 horas, as pessoas já começam a chegar uma por uma, é o momento de muita correria, uns auxiliam na cozinha e outros na organização dos pratos na mesa, as pessoas se cumprimentam e aproveitam para colocar a conversa em dia enquanto petiscam. É aquele momento em que os parentes falam orgulhosamente dos feitos de seus filhos ou de conquistas realizadas no decorrer do ano, enquanto matam a saudade uns dos outros, os primos se divertem. A ceia, no entanto, só começa quando o relógio bate à meia noite — ouso dizer que é um dos únicos feriados que o brasileiro costuma ser pontual — e é o momento em que todos se juntam para comer e dizer: “Feliz Natal”. Outra coisa divertida é o famoso “amigo secreto”, não sei quem o inventou, mas diria que foi muito bem recebido pelos brasileiros na inteligente tentativa de economizar dinheiro. Os parentes colocam o nome de todos que estarão na festa e se sorteiam entre si, de modo que uma pessoa não precisa presentear todos e que ninguém saia sem presente. Nesse jogo é estipulado um valor mínimo para que nenhuma pobre alma seja injustiçada, e a brincadeira acontece depois da ceia, cada parente se posiciona na frente de todos para falar um pouco da pessoa que tirou, características, manias, o que aquela pessoa gosta, tudo para que o público adivinhe quem é e que a pessoa sorteada vá na frente e faça o mesmo, até todos saírem presenteados. É um momento divertido que alguns usam para fazer piadas e/ou palhaçadas. Pouco antes da brincadeira começar, alguns parentes ajudam a retirar a mesa e na lavagem da louça e quando a brincadeira termina é só questão de tempo até todos que estavam pingados na sala se despeçam um por um. No fim, o natal para nós representa comunhão familiar e dia de farturas, ruas enfeitadas com muito verde, vermelho ou dourado, e ainda que seja uma época representada por dias frios, para nós costuma ser a época mais calorosa do ano, não pelo clima — o que de facto seria verdade —, mas pelo calor da família.
Larissa Hellen, formanda do Curso EFA C, turma

Design by JoomlaSaver