Beatriz Menino/David Carreira |ProFuturo


Em edições anteriores, nesta crónica, temos vindo a abordar as grandes mudanças que o mundo atravessa, nomeadamente a revolução tecnológica. Hoje, por nos aproximarmos de uma data importante da história portuguesa e pelo facto de nesse passado terem ocorrido várias mudanças que nos permitiram chegar ao “mundo de hoje”, iremos refletir sobre aquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos.
Antes de mais, comecemos por citar uma breve introdução do site Visão Júnior relativa ao que foi o 25 de abril de 1974. “De madrugada, militares do MFA (Movimento das Forças Armadas) ocuparam os estúdios da Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população que pretendiam que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e liberdades de toda a ordem. Inclusive, foram postas no ar músicas de que a ditadura não gostava, como Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso. Ao mesmo tempo, uma coluna militar com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou posições junto dos ministérios e depois cercou o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura. Durante o dia, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares. E o que era um golpe de Estado transformou-se numa revolução. A certa altura, uma vendedora de flores começou a distribuir cravos. Os soldados enfiaram o cravo no cano da espingarda e os civis puseram a flor ao peito. Por isso, hoje em dia lhe chamamos Revolução dos Cravos. Foram dados alguns tiros para o ar, mas ninguém morreu nem foi ferido: foi uma revolução pacífica, como nunca existiu na história. Ao fim da tarde, Marcelo Caetano (o último Presidente do Estado Novo) rendeu-se e entregou o poder ao general Spínola, que, embora não pertencesse ao MFA, não pensava da mesma maneira que o governo acerca das colónias. Um ano depois, a 25 de Abril de 1975, os portugueses votaram pela primeira vez em liberdade desde há muitas décadas.”


A partir deste texto, verificamos que esta “revolução”, além de ter tido um grande impacto a diversos níveis, pode ser vista como a prova de que todas as profissões têm o seu valor, uma vez que todas contribuíram de certo modo ou foram afetadas por esta revolução.
As primeiras profissões em que pensamos quando falamos neste tema são, inevitavelmente, a de militar ou, possivelmente, a de membro do governo. No entanto, muitas são as profissões que, de forma, mais ou menos, evidente, tornaram esta “revolução” possível. Dos profissionais que trabalhavam nos estúdios do Rádio Clube Português, sem os quais não teria sido possível lançar as “senhas” – o tema “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, e o tema “Grândola Vila Morena”, de Zeca Afonso -, aos próprios compositores e interpretes destes temas, à florista que distribuiu pelos militares os cravos que estes colocaram nas espingardas e a todos os trabalhadores que estão por de trás da produção da flor que se tornou um dos símbolos da revolução, ou mesmo aos escritores e jornalistas que registaram o momento (o que nos permite conhecer, com precisão, nos dias de hoje o que aconteceu no 25 de abril de 1974)… todos foram intervenientes importantíssimos.
Não só foram muitas e diversas as profissões que contribuíram para a realização deste golpe de estado como foram inúmeras as profissões e, consequentemente, as áreas que se modificaram após o 25 de abril, como, por exemplo, o cinema, a literatura e a música que ganharam uma nova “liberdade”. Ao longo destes mais de 40 anos, verificaram-se ainda modificações no sistema de educação, tendo diminuído e muito a iliteracia, na pesca, que com a tecnologia ganhou mais segurança e melhores condições de trabalho, na saúde, sendo assegurada, com a chegada da democracia, a assistência médica para todos,… e em tantas outras áreas como o comércio, a publicidade, a moda, os transportes,…
Do passado para o futuro e porque, seguindo a mesma linha de pensamento, todas as profissões devem ser igualmente respeitadas e valorizadas, várias foram as conquistas de abril. O Salário Mínimo Nacional, que melhorou as condições de vida de uma grande parte dos trabalhadores portugueses que passaram a ganhar 3300 escudos por mês, foi apenas uma das muitas medidas tomadas. O pagamento da pensão social para pessoas que nunca tinham descontado para a previdência, bem como o pagamento do décimo terceiro mês (subsídio de Natal) e subsídio de férias foram outras das conquitas de abril e também as causas do crescimento do “turismo popular”. Pós-revolução, foi ainda criado o subsídio de desemprego, tendo sido também instituídas regras para os despedimentos coletivos e proibidos os despedimentos sem justa causa. Nesta época, o acesso à licença de maternidade foi outra das novidades, tal como o início do caminho rumo a igualdade entre homens e mulheres (algo impensável antes do 25 de Abril).
Em suma, a Revolução dos Cravos foi não só um marco importante em termos políticos, mas também um momento de mudança a todos os níveis e da qual todos nós nos devemos orgulhar. Desta que foi a Revolução de Abril, devemos também retirar que todas as profissões devem ser respeitadas e todas devem ser reconhecidas com o valor merecido, que devemos continuar sempre a lutar por aqueles que são os nossos direitos e, principalmente, pelo progresso do nosso país.

Design by JoomlaSaver