Alice Marques | Um Mês uma Eco-Escola

Se eu não visse não acreditava! Mas, uma hora depois de chegar ao Jardim de Infância da Amieirinha, eu vi: o Simão acabou de comer o seu lanche e pôs, no ecoponto amarelo, o guardanapo utilizado, mas…num ápice, volta atrás, abre o caixote, retira o papel e deposita-o no do lixo comum; na sala da educadora Marina Nobre, a Iris e a Carolina acabam de beber o seu iogurte e quando lhes pergunto de que cor é a caixa onde vão depositar a embalagem, respondem em coro, com uma alegria imensa: “no AMARELO”! Eles aprendem a “tomar conta de si”, é o lema de Dolores Mesquita. Não precisa de lhes dizer “porta-te bem”. Foi assim que educou os filhos biológicos e, depois destes estarem criados, também a Beatrice e o Konstantyn, de quem foi família de acolhimento.
Os comportamentos dos pequeninos, quer na sala de aulas quer nos intervalos, evidenciam que sabem cuidar de si e que separar os lixos é já uma aprendizagem consolidada. “É verdade; mas há alguns que chegaram este ano e ainda perguntam qual é o caixote”, confirma a educadora Dolores Mesquita. Nestas idades, explica Dolores, “eles aprendem tudo, absorvem tudo”; reparaste que todos sabiam a letra da Gotinha de Água? E com uma vantagem: podem ser eles a sensibilizar os pais, porque em casa ainda há espaço para a conversa diária: o que fizeste hoje na escolinha?”


Se esta aprendizagem é para toda a vida, isso é mais discutível. Pelo menos assim o demonstram os adolescentes. Há os que se estruturam mantendo esses bons hábitos, “a maioria”, segundo Dolores Mesquita, mas há também os que, na adolescência, “precisam da aceitação dos outros e fazem-no recusando as normas.” Conto-lhe o sem número de vezes que observo isso na Calazans Duarte: “à chamada de atenção, que várias vezes já fiz no bar – vai pôr ano caixote do lixo, a tua mãe não trabalha aqui, ” - reagem muitas vezes com palavras impróprias e atitudes ainda mais: “Eu não vou fazer isso, a escola tem empregadas para isso, elas que limpem.”


O envolvimento dos pais nas aprendizagens dos filhos é “na medida em que as exigências profissionais lhe permitem; mas são sempre mais as mães. Os homens continuam a delegar isso nas mulheres, aliás quase tudo”, reforça a educadora. Se é verdade que são sensibilizados pelos filhos para muitos gestos para preservar o ambiente, que os pequeninos aprendem antes de ir para a escola, também é verdade que há pais que, depois, “até a separação do lixo deixam de fazer. Por puro comodismo” conclui Dolores.

 

 

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